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As cidades e as mudanças climáticas

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A 26ª Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, recentemente realizada em Glasgow, Escócia, mobilizou a atenção da comunidade mundial sobre uma questão-chave: a urgente necessidade de conter e de limitar o aquecimento global, sob pena de o espectro da catástrofe climática continuar “batendo em nossas portas”, conforme palavras do próprio secretário-geral da ONU, Antônio Guterres.

Em Glasgow estiveram presentes, também, representantes de quatro estados – inclusive Minas Gerais – e de várias cidades brasileiras. O fato é que as graves consequências das mudanças climáticas já têm trazido desassossego para bem perto de nós, como é o caso de Uberaba e Patos de Minas.

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Uma grave crise hídrica colocou milhares de uberabenses e moradores das cidades da região sob o risco de restrição ou mesmo falta de um bem tão essencial como a água. Aliás, cabe dizer que a questão hídrica – conforme já tratei em artigo recente neste espaço – é um capítulo especial no debate sobre as mudanças climáticas, dadas as consequências óbvias e desumanas causadas pelo desabastecimento de água, sobretudo nos grandes centros populacionais.

Já em Patos de Minas, os efeitos do aquecimento global se manifestaram numa intensa geada, que chegou a comprometer 30% de toda a produção cafeeira da cidade e da região, que, basicamente, dependem desse produto, provocando perdas na colheita que impactaram diferentes setores da economia local. Mas, segundo os técnicos, o problema é mais grave: o fato de a temperatura ter chegado a um grau negativo, em 2021, já faz com que a colheita do ano que vem esteja necessariamente afetada.

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Quando se discutem as mudanças climáticas e suas devastadoras repercussões mundo afora, é preciso não perder de vista, primeiro, que os principais responsáveis são as grandes potências globais e que os ônus são suportados, mais drasticamente, pelos países pobres.
Isso, todavia, não nos exime da pergunta: o que nos cabe fazer para enfrentar o problema?

Acredito que o passo mais decisivo é criarmos uma consciência informada sobre a situação e, a partir daí, fomentarmos uma agenda local e regional, com a participação da sociedade civil e dos governos municipais (Câmaras e Prefeituras) em torno da temática-chave do desenvolvimento sustentável, que precisa avançar, deixar o berço esplêndido das meras declarações e avançar na formulação e na concreta realização de políticas públicas que combatam a desigualdade social, promovam uma educação de qualidade, despertem para a necessidade de preservar o meio ambiente, enfim, que criem – e essa palavra é fundamental – uma consciência esclarecida sobre o papel de cada um na defesa de um interesse, que é, literalmente, de todos: a sobrevivência do planeta.

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Não sem razão, a temática da sustentabilidade integra, de modo transversal e destacado, a Missão, a Visão e os Valores constantes do Plano Estratégico que a Câmara Municipal recentemente elaborou e que agora vai sendo diariamente efetivado através dos projetos e das ações hoje em curso no Poder Legislativo de Juiz de Fora.

Como presidente da Câmara Municipal de Juiz de Fora e presidente da Frente Parlamentar para Promoção da Educação Legislativa, minha experiência só tem feito aprofundar e robustecer a convicção de que há estrita relação entre a agenda local e a agenda global, de sorte que os municípios – na dinâmica plural e colaborativa dos atores públicos e privados – têm um papel estratégico a desempenhar no tocante ao problema das mudanças climáticas e suas devastadoras consequências.

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