Enquanto o Brasil ainda dá passos tímidos na retomada do crescimento econômico, o cooperativismo — modelo de negócio que incentiva o empreendedorismo e a solidariedade — apresenta-se como excelente opção para redução do desemprego e geração de renda. Com um capital intangível — pessoas —e valores consagrados universalmente há quase dois séculos, as cooperativas estão se modernizando, investindo em gestão, desenvolvendo novas linhas de produtos e serviços e caminham na contramão da retração econômica, que vem impondo cortes de investimentos e demissões, rotina dos últimos anos no setor produtivo do país.
Dos 13 ramos do cooperativismo, educação, saúde, agronegócio e crédito permanecem crescendo e, há de se destacar, com sustentabilidade. É que as pessoas estão buscando melhor qualidade de vida e querem, cada vez mais, educação e saúde, bases de seu bem-estar, de sua felicidade. Aumentam as demandas nos setores de educação e saúde suplementar, impulsionadas, de um lado, pela recuperação dos empregos, e, por outro, diante da histórica incapacidade do Estado de prover esses serviços básicos, embora garantidos pela nossa Constituição.
Também o agronegócio — um dos motores da economia brasileira e mundial — avança e, lastreado pela crescente necessidade de alimentos em todo o planeta nas próximas décadas, irá propiciar mais e mais oportunidades para as cooperativas agrícolas, ramo historicamente muito forte e estruturado.
Do mesmo modo, crescem as cooperativas de crédito, que atuam em virtuosas parcerias junto aos setores já mencionados e a tantos outros. Elas tiveram suas oportunidades ampliadas recentemente, quando grandes bancos transnacionais reduziram sua atuação no país, e instituições brasileiras também se retraíram, em razão da insegurança trazida pelo aumento do desemprego e da inadimplência.
No mundo, as cooperativas são a principal fonte de renda de mais de um bilhão de pessoas, e as 300 maiores correspondem à sexta economia do planeta, com um PIB superior a US$ 2,5 bilhões. No Brasil, 51,6 milhões de pessoas estão vinculadas direta ou indiretamente ao cooperativismo. Em 564 municípios, as cooperativas de crédito são as únicas instituições financeiras locais.
Importante lembrar que 48% de toda a nossa produção agrícola passa, de alguma maneira, por uma cooperativa agropecuária, e que 38% dos brasileiros cobertos pela assistência médica suplementar são atendidos por cooperativas de saúde. Hoje, o volume de recursos movimentados por nossas exportações alcança US$ 5,137 bilhões, gerados por 240 cooperativas brasileiras.
Para disseminar ainda mais os valores e os princípios do bem-sucedido modelo de negócio cooperativo, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) lançou o programa de comunicação “SomosCoop”. O intuito? Contextualizar o significado e fortalecer a doutrina cooperativista enquanto estímulo ao pertencimento e orgulho dos seus cooperados, além de promover a intercooperação, agregando valor para os produtos e os serviços das cooperativas brasileiras.
Dito tanto, é oportuno lembrar Charles Gide (1847-1932), francês, professor de economia política, docente honorário da Faculdade de Direito de Paris e líder do pensamento cooperativista: “O cooperativismo é a suprema esperança dos que sabem que há uma questão social a resolver e uma revolução a evitar” (Charles Gide, 1847/1932).