No dia 5 de junho, é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1974, visa chamar a atenção para a emergência da questão ambiental em um mundo que, desde a Revolução Industrial do século XVIII, vem aumentando exponencialmente a sua capacidade de destruir o planeta. Obviamente, ao longo de toda a história humana sobre a Terra, nós impingimos impactos ambientais sobre os mais diversos biomas e ecossistemas, mas nossa capacidade de degradação era limitada pelas técnicas rudimentares disponíveis e pela estável e pequena população.
Ao longo do século XX, sobretudo a partir de sua segunda metade, o crescimento populacional e o aumento de nossa capacidade tecnológica levaram o planeta ao desequilíbrio. Alteramos os ciclos biogeoquímicos, escasseamos muitos recursos naturais e dilapidamos o patrimônio genético, extinguindo espécies. O desmatamento, a desertificação, a poluição atmosférica, hídrica e do solo e, claro, as temíveis mudanças climáticas, em especial o aquecimento global, colocaram a humanidade diante de um dilema entre a exploração dos recursos e a geração de resíduos com vistas ao crescimento econômico, de um lado, e a necessidade da recuperação do equilíbrio ecológico do planeta, de outro. Paradoxalmente, a mesma tecnologia, capaz de provocar a destruição e ameaçar a nossa existência futura, é capaz de mitigar e reduzir o impacto da humanidade sobre a Terra. Buscar um meio-termo entre o crescimento econômico, o desenvolvimento social e a conservação do meio ambiente é o principal desafio que justifica a criação da data pela ONU.
Esse ano, em plena pandemia que nos permite inferir sobre os desequilíbrios provocados pela ação antrópica sobre os ambientes naturais, o tema do Dia Mundial do Meio Ambiente não poderia ser mais pertinente: a restauração dos ecossistemas. O Paquistão será o anfitrião e, na ocasião, será lançada a Década das Nações Unidas da restauração de ecossistemas 2021-2030. O evento é de importância capital no contexto da acelerada destruição do planeta, na medida em que congregará mais de cem países dispostos a trocar experiências e a trabalhar em prol da restauração dos ecossistemas. O próprio Paquistão tem um projeto ambicioso de reflorestamento com o plantio de dez bilhões de árvores em cinco anos.
Infelizmente, o Brasil está na contramão dessa tendência global, haja vista o aumento nos índices de desmatamento, a falta de avanço no saneamento básico, a prioridade ao transporte individual e até o acobertamento de crimes ambientais pelos órgãos que deveriam coibi-los. A eleição nos Estados Unidos de um presidente democrata com forte inclinação para o tratamento das questões ambientais e a pressão da União Europeia e de empresários comprometidos com o meio ambiente lançam alguma perspectiva de respostas que nos obriguem a mudar os rumos de nossa política ambiental. Quem sabe, no próximo ano, não tenhamos algo positivo a celebrar nessa data que marca o esforço coletivo dos países do mundo em trabalhar pela sustentabilidade socioambiental?
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