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Em chamas

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Da lama de Brumadinho ao fogo no Pantanal, passando pelo desmatamento da Amazônia e pelo óleo no litoral… Tragédias que se somam aos mais de 140 mil brasileiros mortos pela pandemia mundial! E, na ONU, o presidente diz que o país não vai mal… Ironiza as vítimas, culpa os índios pelas queimadas, acusa os institutos de ciência de manipular dados e a imprensa de fazer campanha de desinformação, enquanto seus ministros seguem “passando a boiada” e seus apoiadores destilam ódio por quem estende a mão aos mais fragilizados!

Na mesma Assembleia Geral da ONU, em que fomos mais uma vez envergonhados internacionalmente, o Papa Francisco alertou: “Não devemos deixar para as próximas gerações os problemas das anteriores. Devemos nos perguntar seriamente se existe entre nós a vontade política para mitigar os efeitos negativos da mudança climática, assim como para ajudar as populações mais pobres e vulneráveis, que são as mais afetadas”, acrescentando que pensa “também na perigosa situação da Amazônia e de seus povos indígenas. Eles nos lembram que a crise ambiental está intimamente ligada a uma crise social”.

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Na mesma linha, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou mensagem sobre as queimadas que ocorrem nos biomas brasileiros da Amazônia, Cerrado e Pantanal, em que afirma que “acompanha indignada a devastação causada pelas queimadas” e se solidariza “com todos os voluntários que arriscam a própria vida, atuando com poucos recursos no combate ao crime socioambiental que está ocorrendo”, convocando a sociedade brasileira a se unir ainda mais em torno do Pacto pela Vida e pelo Brasil.

Além dessa mensagem, dom Walmor, durante a 45ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, voltou a pedir ao “governo brasileiro que cumpra com as suas obrigações internacionais, para garantir medidas de prevenção e de responsabilização das empresas que causaram tragédias”, referindo-se às atividades mineradoras.

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Também o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lançou, na última quarta-feira, seu relatório anual “Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2019”. O Relatório do Cimi oferece um retrato bastante significativo das diversas formas de violências praticadas contra os povos indígenas em todo o país. Desde violações como invasões das terras indígenas, como assassinatos e ameaças a violações por omissão do Poder Público, como desassistência, mortalidade na infância e suicídios.

Essas denúncias são muito importantes, pois, como sentenciou dom João Justino de Medeiros Silva, “a falta de consciência ecológica é uma praga em nosso país”. Ele lembra que as leis de proteção ambiental são desconhecidas da população, e muitos governantes são ineptos em todos os escalões, querendo levar vantagem em tudo o que macula sua atuação. “Há o pensamento de que se o mundo acabou uma vez com as águas do dilúvio, da próxima vez será destruído pelo fogo. Mas o fogo não tem saído das mãos do Criador, senão que sai das mãos da criatura”, acrescentou.

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Para nós, cristãos, quando o fogo desceu da mão do Criador, posou sobre a cabeça dos apóstolos, e “todos ficaram cheios do Espírito Santo”(At.2, 4). Que Deus nos fortaleça em nossa indignação, nos anime em nossas ações e deixe apenas nossos corações em chamas!

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