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Pelo segundo ano consecutivo, uma grande loja varejista inicia um processo de trainee, exclusivamente para pessoas pretas, recebendo mais de 22 mil inscrições. Além de vínculo acadêmico (recém-formado ou no período da graduação), é necessário apenas ter disponibilidade para viagens, deixando de lado pré-requisitos de base, como cursos técnicos, línguas e experiência trabalhista, ampliando as chances de mais pessoas serem efetivadas. Embora a iniciativa tenha recebido apoio e reviews positivos, uma comunidade atrelou o trainee a um “racismo reverso” devido à priorização da comunidade negra para trabalhar na multinacional, em que brancos “não são permitidos nessa modalidade”. Mas a quantidade de pessoas negras ocupando tais vagas no Brasil está longe de ser um destaque.
Segundo dados do IBGE e do Instituto Ethos, as empresas do Brasil possuem menos de 30% dos cargos de liderança ocupados por pessoas negras. O percentual é baixo e ainda sofreu queda. Em 2018, a população preta ocupava 29,9% dos cargos gerenciais. Em 2019, esse índice caiu para 29,5%. Enquanto as mulheres brancas correspondiam a 66,9% dos cargos gerenciais, a parcela de negras nessas posições é de 31%. A diferença entre homens brancos (69,3%) e negros (28,6%) em postos de liderança é maior, a disparidade de cadeiras ocupadas atualmente pela comunidade preta é inferior, e propostas como essas apenas darão oportunidades para jovens realizarem seus sonhos em carreiras profissionais e alcançando patamares maiores do que as suas famílias atualmente têm, como investimento em educação, saúde, moradia, planejamento familiar, autoestima e principalmente: sonhar com um futuro sólido.
São oportunidades como essas que retiram a disparidade inferior ocupada por pessoas pretas no mercado nos dias atuais. Também neste ano, o Fundo Afrolever, voltado a pessoas negras no mercado, levantou R$ 17 milhões que serão destinados à promoção de propostas inclusivas de pessoas negras dentro e fora da empresa. O programa, criado pela Unilever, surgiu de constantes mobilizações de funcionárias pretas da empresa. Juntas, formaram, em 2019, o coletivo negro Afrolever para garantir o acesso, a permanência e a atuação de negros em postos de liderança na empresa, nos programas de atração de talentos e de estágio, além do destaque em campanhas de marketing.
São ações como essas que priorizam, na corrida do mundo acadêmico e profissional, a garantia do sucesso e na chegada da pista. Oportunidade para ter meios, condições e base para aumentar a média de chefes, coordenadores, gerentes e gestores pretos e pretas no controle de empresas desse país. Que eles sejam o sucesso nessas portas abertas.
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