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A contradição humana

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Mesmo com os números alarmantes de casos e mortes desta pandemia atual e com a ampla divulgação dos cuidados preventivos que devem ser tomados, do uso de máscara e de não aglomeração social, são milhares, talvez milhões, de pessoas que contradizem o bom senso e abusam exaustivamente, podendo afetar a si próprios e aos que lhes são próximos. Exemplos como esse, da contradição que a humanidade não se cansa de demonstrar, são muitos.

“Estamos já acostumados a conviver com os erros humanos ou, em outras palavras, com as contradições dos seres humanos. Os filósofos, desde tempos imemoriais, bem como todas as religiões do mundo, falam da fraternidade e da paz; no entanto, além das absurdas guerras entre grupos religiosos fanáticos, que pretendem justificar-se matando em nome de um conceito de Deus, corre-se o risco de uma guerra atômica que exterminaria a raça humana.” (1)

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Gastam-se bilhões de dólares na produção de armas, na manutenção de exércitos e no tráfico de drogas. O descaso completo com o meio ambiente, que se degrada a cada dia; o assassinato, em larga escala, de animais para saciar multidões que escarnecem do vegetarianismo e do veganismo. Poderíamos citar muitos outros exemplos de descaso e de violência. Isso não é contraditório? Poderíamos resolver todos os problemas de fome, saúde e educação dos seres humanos com os recursos gastos de forma desumana e cruel por esses mesmos seres.

“É também conhecido o fascínio que o ser humano tem pelo poder e as mórbidas ‘necessidades’ daí decorrentes. Talvez seja mesmo a vaidade e o anseio pelo poder que criem todo esse cruel panorama no mundo. Curiosamente, essa ‘necessidade’ de impor a sua vontade e exercer o poder sobre os outros apresenta-se, de modo geral, diretamente proporcional à incapacidade de o ser humano dominar-se a si mesmo. Pode haver maior contradição?” (1)

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“Não se pode perguntar agora se a paz mundial é uma possibilidade, pois ela é uma absoluta necessidade. Sem fraternidade, cooperação e paz, a humanidade pode cessar de existir.” (2) E para alcançarmos a fraternidade universal é necessário que o homem, cada ser humano, conheça a si próprio através da reflexão, da meditação, de adquirir conhecimentos sobre a evolução da humanidade desde sempre. Desses, o mais importante é o autoconhecimento para se chegar ao autodomínio. Entender e compreender os seus hábitos, os seus preconceitos, os seus condicionamentos e as suas superstições oriundos da família, da escola, da sociedade, da religião e, na maioria das vezes, senão em sua totalidade, não dão autenticidade ao ser. “Limpo” dessa sujeira, poderá encontrar a paz, levá-la aos demais, cooperar com todos e acabar com essas contradições que podem nos arrastar para um fim trágico.

É necessário entendermos e compreendermos nossas dificuldades e nossas limitações. E só com um mergulho profundo dentro de nós mesmos para descobrirmos o caminho para a libertação de nossas contradições e construirmos o futuro que todos nós merecemos. Nós, a humanidade de hoje e a humanidade do futuro. É preciso fazer do coração e da mente, o coração e a mente da sabedoria, alicerces da solidez da fraternidade universal, a cooperação com todo o mundo e da paz e do equilíbrio em todos os seres.

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“A libertação da nossa contradição ou do nosso sofrimento depende, portanto, do autoconhecimento. Como diz Krishnamurti (3): ‘A meditação é o começo do autoconhecimento, e o autoconhecimento é o começo da sabedoria… Nasce a sabedoria só quando há liberdade da mente; e a mente que está tranquila encontrará o Atemporal…’”(1)

(1) LINDEMANN, Ricardo e OLIVEIRA, Pedro. A Tradição-Sabedoria. Brasília, Ed. Teosófica, 2011
(2) BURNIER, Radha. Trabalho Teosófico. O Teosofista. São Paulo, 1984
(3) KRISHNAMURTI, Jiddu. Nosso Único Problema. Rio de Janeiro, Instit. Cultural Krishnamurti, 1957.

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