Recentemente, nesta coluna, foi publicado o artigo intitulado “A simpatia de Chico Xavier”, de autoria de Álvaro Aleixo. Na oportunidade, o autor manifesta seu descontentamento com as tentativas de implantar no Espiritismo as mesmas distorções que deturparam o Cristianismo. Preocupações com as quais concordamos e temos como nossas.
O Espiritismo é a Doutrina dos Espíritos trazida a nós pelos mensageiros do Cristo com o objetivo de orientar a humanidade nos parâmetros das leis do progresso. Allan Kardec escreve na introdução de “O Livro dos Espíritos” que a força do Espiritismo não está nos fenômenos, como geralmente se pensa, mas na sua filosofia, no apelo que faz à razão e ao bom senso.
O Espiritismo é uma doutrina sobre o mundo, o grande campo de luta e progresso espiritual para a vida temporariamente humana. Mostra-nos de modo claro, simples, sem misticismo ou ritos, a maneira como os cristãos devem se comportar nas lidas da vida e diante o mundo. Estar no mundo sem ser do mundo.
Toda a obra de Allan Kardec partiu da pesquisa científica, buscando compreender e explicar as manifestações mediúnicas que explicitamente ocorriam mundo afora. Assim originou-se a Ciência Espírita; da interpretação de suas descobertas, resultou a Filosofia Espírita, e, de suas concepções filosóficas aplicadas ao cotidiano rotineiro da vida, nasceu a Religião Espírita.
Por isso, esse magnânimo trabalho, que contou com a vital mediunidade de Allan Kardec para sua elaboração, apresenta-se como uma doutrina de tríplice aspecto. A Ciência que fundamenta a Doutrina, sobre a qual se ergue a Filosofia, e desta, quando praticada como tal, brota a religião, que no círculo virtuoso se origina da pesquisa criteriosa, revivendo os ensinos do Cristo, sem mitos, formalidades, títulos, hierarquias e criacionices humanas.
Para distinguir essa sua doutrina das demais correntes espiritualistas, Kardec criou o neologismo: Espiritismo.
Herculano Pires, expoente do Espiritismo, já preocupado com as distorções, assim afirma: “Os adversários do Espiritismo desconhecem tudo a respeito e fazem tremenda confusão. Os próprios espíritas, por sua vez, estão na mesma situação. Por quê? É fácil explicar. Os adversários partem do preconceito e agem com precipitação. Os espíritas, em geral, fazem o mesmo, formulam estereótipo mental, a que se apegam. A maioria dos dois lados se esquece desta coisa importante: o Espiritismo é uma doutrina que existe nos livros e precisa ser estudada”. E vivenciada sob as normas do Cristo; amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Por tudo e por tanto, Allan Kardec convoca os adeptos da Doutrina dos Espíritos: “Espíritas, amai-vos; espíritas, instruí-vos”.