Sem feriado – que só ocorre em 13 de junho, dia do padroeiro Santo Antônio -, Juiz de Fora completa nesta terça-feira 172 anos de emancipação. A data está sendo marcada por uma série de eventos, desde a semana passada, e serve de reflexão em torno de seu futuro. Encravada entre as montanhas da Zona da Mata, é desafiadora não apenas pela sua localização, mas, sobretudo, por sua própria história. Já foi apelidada de Princesinha de Minas e Manchester Mineira, graças à pujança de seus negócios. Primeiro o café, depois a produção de malhas. Esse ciclo se tornou um contraste nas últimas décadas, já que o município perdeu posições no ranking de desenvolvimento econômico.
O passado é sempre uma referência, mas é necessário olhar para adiante e investir em novas vocações, sem que isso afaste as que a fizeram, por muito tempo, a segunda de Minas, atrás apenas da capital Belo Horizonte. Neste primeiro semestre, por exemplo, dois grandes empreendimentos foram anunciados para a cidade. A Braspel, que atua em energia renovável, vai antecipar sua instalação para aproveitar o momento em que o mundo se encontra num déficit de energia, agravado pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. Na semana passada, o grupo irlandês Ardagh anunciou a implantação de suas unidades em Juiz de Fora, com a geração de 800 empregos.
Mas, quando se fala em novas vocações, volta-se, especialmente, para as tecnologias de ponta que devem ser empregadas no dia a dia da cidade. Ontem, em entrevista à Rádio Transamérica, a prefeita Margarida Salomão destacou os projetos em curso pelo seu mandato, como inauguração, hoje, de uma estação que elevará de 7% para 30% a capacidade de tratamento de esgoto da cidade. Em um mês, esse percentual sobe para 42% e, já no fim do ano, 52%. Ela quer chegar ao final do mandato com 80% do esgoto tratado. Boa notícia.
Como a maioria das cidades de grande e médio porte, Juiz de Fora tem desafios importantes a serem superados. A mobilidade urbana é um deles, sobretudo quando se trata do sistema de transporte. Na mesma entrevista, a prefeita anunciou medidas já no segundo semestre que, segundo ela, vão mitigar boa parte de um problema que ela reconhece ser grave. A judicialização dos debates atrasa investimentos e comprometa ainda mais a vida dos usuários.
Muitas das demandas precisam de respaldo das instâncias estadual e federal. Num cenário de mobilidade comprometida, a conclusão da BR-440 continua sendo um ponto fora da curva. Ela já passou por várias administrações federais e sua ligação com a BR-040 – que demanda um trecho de pouco mais de 300 metros – continua sendo uma novela de capítulos infindáveis. Hoje, ao ligar o nada a lugar algum, ela é apenas um problema, quando deveria ser a solução para o trânsito na Cidade Alta.
Aniversários são feitos para celebração e é o que deve ser feito por uma cidade acolhedora, com as virtudes dos grandes centros sem deles ter herdado, necessariamente, as mazelas. De fato, como lembra a canção que marcou o aniversário em 1975, na inauguração do Calçadão: “há mais amor nesse pedaço de chão”.