Trata-se de um equívoco considerar que as questões ambientais se apresentam em compartimentos estanques, isto é, se os Estados Unidos descumprem acordos como o de Kioto e mantêm a forte emissão de gases, as consequências se darão apenas em seu território. O mundo está entrelaçado não apenas no viés digital, mas também nas questões que envolvem o meio ambiente. O interesse global pela Amazônia, por exemplo, se dá pelo fato de ser a maior floresta tropical do planeta e uma das responsáveis pela qualidade do clima.
Na edição de domingo, a estagiária Nayara Zanetti, sob supervisão do editor Eduardo Valente, mostrou que os efeitos do aquecimento global deixam Juiz de Fora cada vez mais quente. São dados reais que há tempos carecem de observação. A cidade já teve as estações mais definidas, o que hoje é incomum, com temperaturas baixas em pleno verão e calor no auge do inverno. A matéria aponta as diversas causas e a necessidade de ações para, no mínimo, evitar o agravamento da situação.
Como as demais metrópoles, a cidade passa pelo adensamento habitacional, que traz junto a ampliação da imermeabilização e da sua frota de veículos – uma média de um carro para cada dois habitantes. Mais asfalto e maior volume de águas em ruas e avenidas. São fatos encadeados que formam um cenário preocupante, sobretudo quando se avalia o comportamento não apenas das autoridades nacionais, mas também no cenário mundial em torno da defesa do clima.
A recente cúpula de Glasgow, na Escócia, mostrou bons discursos, mas ações ainda incipientes diante da urgência que implica medidas imediatas. O Brasil, um resistente aos avanços, acabou se comprometendo com uma agenda progressista, mas é incerto se ela vai, de fato, sair do papel. O país, agora, se defronta com um novo problema ambiental. Milhares de garimpeiros, numa nova corrida do ouro, invadiram o Rio Madeira, na Amazônia, numa ação coordenada, que não se deu de uma hora para outra. Após a ação da Polícia Federal, prometem voltar. É apenas questão de tempo.
Gestos como esse não podem, pois, ficar num pacote isolado, pois fazem parte de uma série de ações e inações que se revelam cotidianamente. Quando se fala que a cidade está mais quente, é necessário, portanto, buscar alternativas, como ampliação do número de praças, a fim de garantir espaços para redução da temperatura. A cidade tem muitas, mas só agora, sobretudo em parcerias com a iniciativa privada, é que algumas delas estão sendo recuperadas.
Pequenos gestos levam a grandes resultados desde que efetivados com participação coletiva e com vontade política. A pandemia do coronavírus mostrou que um vírus, cuja origem se deu no outro lado do mundo, provocou uma tragédia global. Lições, pois, não faltam.