Ainda sem data para apresentar a conclusão de seus estudos, o Grupo de Trabalho que trata do comércio ambulante de Juiz de Fora tem uma missão e tanto pela frente. O Centro da cidade – embora haja ambulantes também nos bairros – carece de atenção imediata ante o agravamento da situação. A manifestação de jovens, na última quarta-feira, na Avenida Getúlio Vargas, que culminou com sua apreensão e também das mercadorias que comercializavam, é a face mais emblemática do problema.
A Getúlio Vargas – entram e saem administradores – continua sendo um dos principais desafios da Prefeitura em decorrência dos ambulantes. As calçadas são um caos em diversos pontos, pois acumulam camelôs e pontos de ônibus no mesmo espaço, comprometendo a mobilidade dos transeuntes e do próprio comércio formal. Ainda não foi feito um projeto envolvendo sua recuperação, capaz de fazer de um dos principais corredores da cidade um espaço capaz de garantir a mobilidade adequada.
A despeito de sua importância, a via continua no segundo plano. Vários gestores anunciaram iniciativas que ficaram no papel, e, com o passar do tempo, a situação só se agravou. Espera-se que o Grupo de Trabalho aponte para uma alternativa viável. A inação pode conduzir à repetição de cenas como as de quarta-feira, que assustaram quem passava pela esquina com a Floriano Peixoto e causaram um nó no trânsito.
A pandemia, é fato, mudou o perfil dos ambulantes, levando para as ruas um número expressivo de pessoas que até bem pouco tempo tinham emprego formal e hoje, na busca do pão de cada dia, recorrem ao comércio informal. Nos sinais as cenas são recorrentes com personagens colocando balas e chicletes no painel dos veículos em busca de remuneração. Mas há risco de estas e outras situações saírem de controle, como é possível ver, também, no aumento da população de rua pelas calçadas.
Em São Mateus, um grupo se alojou em frente à igreja e ocupa a calçada inteira, induzindo os passantes a utilizarem a pista de rolamento. E aí há um duplo problema, pois eles também são passíveis de riscos, especialmente num período de temperaturas tão baixas. A despeito da ação de voluntários, enfrentar o frio das madrugadas é um risco imensurável para tais personagens.
O Brasil tem expertise no trato com populações em situação de rua e deve monitorar essa questão por conta do que ora tem sido visto. O caso de São Mateus é apenas mais um entre outros tantos pela cidade. No Parque Halfeld já foram vistas barracas instaladas sem que o Poder Público fizesse algum tipo de intervenção. A Prefeitura, reconheça-se, tem feito esforços para superar tais impasses, mas, como no caso dos ambulantes, deve estar atenta para evitar um cenário irreversível.