Durante entrevista à Rádio Transamérica Juiz de Fora, o secretário municipal de Desenvolvimento, Ignacio Delgado, destacou a necessidade de a cidade retomar o seu crescimento, enfatizando, porém, a importância de ser feito associado à Zona da Mata, por não haver sentido uma metrópole rica e seus vizinhos em situação inversa. Ele citou o caso do Triângulo Mineiro, onde os dois principais municípios – Uberlândia e Uberaba – têm um entorno próspero, o que faz da região uma das mais desenvolvidas economicamente do estado.
O secretário tem razão. Não é de hoje que a Tribuna vem alertando para a necessidade de mudança de discurso das lideranças políticas e empresariais. Não basta olhar apenas para Juiz de Fora, quando o fundamental é o foco regional. Belo Horizonte, por exemplo, tem poucas indústrias, mas, com vizinhos potencialmente ricos, torna-se um centro de consumo que faz dela uma das mais expressivas do país.
Quando foi criada, a Associação dos Municípios da Microrregião Vale do Paraibuna (Ampar) tinha como objetivo ampliar a interlocução entre os municípios. Está cumprindo o seu papel, mas o diálogo deve ter outros atores além da instância política, pois o desenvolvimento regional é uma demanda que carece de participação de diversos segmentos.
Já foram feitas várias tentativas para avançar nessa questão. Ainda no início dos anos 1980 foi firmada a Carta de Maripá, cujos princípios seriam ações integradas para fortalecer o diálogo da Zona da Mata com as instâncias de poder. Tempos depois, um seminário na antiga Reitoria da UFJF, no Centro, foi além. Com a presença de lideranças da maioria dos municípios, foram firmadas ações, cabendo aos políticos de mandato monitorar seu desenvolvimento tanto em Brasília quanto em Belo Horizonte. Parou por aí.
A necessidade de mostrar trabalho para suas bases tem levado os políticos a adotarem uma postura isolada, o que pode render frutos imediatos, sobretudo na liberação de emendas, mas há questões que precisam do envolvimento integrado para irem adiante. A transferência de indústrias da região para o vizinho Rio de Janeiro, por exemplo, careceu de maior pressão com o Governo do estado, para que este agisse com maior firmeza na guerra fiscal. A Zona da Mata sofreu uma expressiva desindustrialização por ser a mais próxima do estado vizinho.
Em períodos eleitorais, os políticos, justificadamente, atuam voltados para os seus redutos e indispostos a dividir os louros. É do jogo, mas, passadas as eleições, precisam dialogar, independentemente do viés ideológico, em torno da causa maior. Vale o mesmo para as entidades representativas do setor produtivo. Há tempo para reverter esse processo, sobretudo num período em que a comunicação pode se dar em tempo real, facilitando as discussões, como as que ora ocorrem na Câmara Municipal de Juiz de Fora, com o chamamento dos demais legislativos, e também nos maiores municípios, que, recentemente, criaram uma frente de prefeitos para atuar sincronizados em torno de interesses republicanos comuns.