O Governo de Minas começou ontem a apresentar as primeiras medidas de flexibilização do comércio, atendendo a uma demanda do setor produtivo, deveras preocupado com os rumos da economia. A despeito de a curva da pandemia ainda não ter chegado ao seu auge em Minas, o entendimento é o de que, se nada for feito, outras mortes virão decorrentes de vários fatores além do vírus. O pacote inteiro intitulado
“Minas consciente – Retomando a economia do jeito certo” busca regulamentar a volta dos setores a partir de um monitoramento constante da pandemia. Como a Tribuna antecipou já na edição de ontem, serão estabelecidos vários cenários intitulados onda. A verde, que seria equivalente ao zero, envolve os serviços essenciais; a onda branca acolhe as atividades consideradas de baixo risco; a amarela, as de médio, e a vermelha, de alto risco. O anúncio completo, previsto para esta quarta-feira, também será norteador de ações em Juiz de Fora, como ficou decidido no comitê de crise criado pelo prefeito Antônio Almas.
Os dois segmentos – ciência e economia – acentuam que não querem se enfrentar, mas é difícil estabelecer uma alternativa que atenda aos dois lados ao mesmo tempo, salvo se ambos estiverem dispostos a fazer concessões controladas. Em debate na Rádio Solar, nessa terça-feira, o presidente da CDL, Marcos Casarin, voltou a dizer que o setor precisa de oxigênio, sem a pretensão de questionar os laudos da equipe técnica. Jogou a bola para a Prefeitura, que ainda não chegou a uma decisão de mérito, salvo a de esperar o laudo do Estado. A bola, então, está com o governador.
Há dados relevantes que precisam ser colocados à mesa para a tomada de decisão. O mais preciso deles é a testagem, a fim de apontar, mesmo por amostragem, as regiões mais ou menos impactadas. Numa cidade do porte de Juiz de Fora, ou num estado da dimensão de Minas, não dá para apresentar um pacote que tenha validade para todas as áreas. A testagem é que vai determinar os pontos que podem mudar de onda. E aí entra outro dado. Exceto os testes pagos, há meios de o Município e o Estado fazerem essa avaliação com segurança? Tais respostas ainda são inconsistentes, o que, de certa forma, tem angustiado, inclusive, os empresários, pois, como revelou o dirigente da CDL, não encontraram ainda uma resposta clara da Administração Municipal.
Espera-se que o “Minas consciente” jogue luz na discussão, pois a incerteza tem sido um dos pontos de tensão tanto do setor produtivo quanto da ciência, refletindo na população, que não tem ainda respostas para vacinas, medicamentos ou prazos de duração da pandemia.