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Farinha pouca

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A distribuição de vacina pelo mundo afora tornou-se um problema ante a capacidade de produção das empresas, que está aquém da demanda. No chamado primeiro mundo, o Reino Unido e a União Europeia, agora apartados por conta do brexit, travam uma queda de braço que, certamente, terá reflexos pelo mundo afora, especialmente nos países em desenvolvimento e os que fazem parte do terceiro mundo. Estes terão sérias dificuldades de acesso ante o jogo que se estabeleceu.

Na edição dessa quinta-feira, o instituto de pesquisa do “The Economist Intelligence Unit”, ligado à tradicional revista britânica, mostrou um mapeamento no qual fica claro que, este ano, somente os Estados Unidos, incluindo o Alasca, e a União Europeia vão conseguir imunizar totalmente a sua população. O Brasil está entre aqueles que só conseguirão essa proeza em meados do ano que vem, mesmo assim numa previsão bem otimista, pois os insumos para a pesquisa foram reduzidos a um terço do orçamento de 2019.

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Para evitar a escassez, especialmente na segunda dose, os 27 países da União Europeia ameaçam impedir a exportação da vacina enquanto sua demanda não for plenamente atendida. Tal possibilidade deve servir de alerta para os demais países, sobretudo aqueles que, como o Brasil, não estabeleceram uma política sólida de importação, ficando em meio a um embate político cujas consequências, agora, começam a surgir.

No próprio andar de cima há divergências. A primeira ministra da Alemanha, Angela Merkel, advertiu que não faz sentido essa discriminação quando se trata de um problema global. Se vai ser atendida, é pouco provável, pois até no primeiro mundo prevalece a máxima de farinha pouca, meu pirão primeiro.

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A lição a ser tirada está nos próprios números. O Brasil tem um índice de vacinação bem abaixo de sua capacidade logística em decorrência da falta de insumos. Há, é fato, o impasse internacional, mas boa parte do problema poderia ter sido superada se as instâncias de poder tivessem um discurso único. O grave é que não há sinais de apaziguamento nesse impasse, que acaba envolvendo as agências de regulação e os laboratórios.

A incerteza que se estabeleceu se acentua, pois a Covid-19, em vez de reduzir seu grau de contaminação, continua em curva ascendente. Minas, que no primeiro momento serviu de exemplo, apresenta números preocupantes e está entre os estados em que a doença continua em ascensão. No Norte do país, o sistema simplesmente se esgotou, bastando ver o que ora ocorre no Amazonas e em Rondônia. Em Manaus, por conta dos fura-filas, ainda há o agravante de suspensão judicial da vacinação, comprometendo ainda mais a situação e o atendimento àqueles que não participaram dessa fraude.

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