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O que as ruas esperam

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Pesquisa do Datafolha, feita após as eleições, aponta que 48% dos entrevistados disseram esperar um desempenho ótimo ou bom dos 594 congressistas – 81 no Senado e 513 na Câmara dos Deputados -, enquanto 10% apostam em um trabalho ruim ou péssimo. Os números foram bem melhores em 2018, quando a legislatura, ora na reta final, estava prestes a tomar posse. Mesmo assim, os dados são positivos após uma campanha dura e com os extremos jogando todas as fichas.

Ainda de acordo com a pesquisa, passados quatro anos, a maior parte dos congressistas “foi engolida pelo que chamavam de ‘velha política’, submergiram no baixo clero do Congresso e, ou não foram reeleitos, ou migraram para o centrão, que continua dando as cartas na Câmara e no Senado.”

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São muitas as explicações para tal fenômeno, a despeito da capacidade de arregimentar do Centrão. Com o controle das principais comissões temáticas e com poder de agenda na distribuição de emendas, ele, de fato, atrai parlamentares, mas outra parte se perde não apenas nos labirintos do parlamento, mas também nas articulações dos bastidores. Políticos experimentados alertam aos mais jovens para o jogo bruto da casa, que opera como uma máquina de moer carne. Muitos políticos, com grande desempenho em suas carreiras e nas urnas, correm o risco de ir para o limbo quando ingressam no Congresso.

As cúpulas políticas, seja no Congresso, nas assembleias ou câmaras municipais, seguem uma lógica apontada por Tancredo Neves: decidem primeiro para depois se reunir. O plenário é apenas um local para se explicitar o voto já definido nos bastidores. Até os discursos são programados. Muitos parlamentares falam para suas bases quando ao microfone, mas se acertam nos bastidores, isto é, nada se decide em plenário.

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O eleitor, no entanto, continua apostando no desempenho das bancadas por considerar – e com razão – ser o Parlamento o foro adequado para discussão das demandas nacionais. Temas não faltam, sobretudo num ciclo em que os acontecimentos se multiplicam e exigem respostas imediatas da instância política.

A gestão congressual, a ser inaugurada no início de fevereiro, terá uma série de desafios, muitos deles vindos do Governo Federal, que também tem metas opostas à gestão que termina. Como sempre, alguma reforma será discutida. A dúvida é saber se a tributária ou a administrativa, já que ambas, embora não tenham estado no radar do presidente eleito, precisam ser implementadas.

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A dúvida é saber a ordem. Para alguns segmentos, antes de falar em tributo é necessário reorganizar a administração do Estado, mas isso é pouco provável na gestão petista que não tem no seu programa a redução dos quadros funcionais. A questão tributária tem mais possibilidades. Fica em aberto, porém, que modelo será apresentado aos parlamentares. A conferir.

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