Como as pesquisas em períodos distantes dos pleitos costumam olhar mais para trás do que para frente, é prematuro apontar favoritos para o pleito de 2022, embora, se fossem hoje, as eleições teriam o confronto direto entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula. Ambos, por sinal, têm tido mais visibilidade do que os demais, o que lhes dá, de pronto, uma vantagem. Mas o jogo está apenas começando. Vários acordos estão em curso, e as candidaturas começam a tomar conta do noticiário.
Já no espaço de acordos, o presidente Bolsonaro, superadas as arestas, deve assinar, esta semana, a sua ficha de filiação ao PL, partido presidido pelo ex-deputado Valdemar da Costa Neto. Trata-se de um momento para avaliar a extensão do gesto e suas repercussões. Por conta de acordos estaduais, diversos políticos já anunciaram que vão deixar a legenda, mas o outro lado também é verdadeiro. O PL vai ganhar adesões de políticos interessados em aproveitar a imagem do presidente para obter vantagem nas urnas.
No espaço das candidaturas, a terceira via ainda é uma incógnita por conta de indefinições que precisam ser resolvidas e pelo início do processo em alguns partidos. A filiação do ex-ministro Sérgio Moro, no Podemos, vai alterar a dinâmica da candidatura do ex-ministro Ciro Gomes. De acordo com especialistas, o candidato do PDT terá que esquecer o ex-presidente Lula, a quem criticava sistematicamente, para se defender de Moro, com quem disputa posições na largada. É como numa corrida: deve deixar o piloto da dianteira sossegado e cuidar dos ataques em sua retaguarda.
Moro, no entanto, deve ter uma postura diferente e já deixou isso claro nos primeiros pronunciamentos. Seu alvo principal é o presidente da República, de quem já foi aliado e ministro e com quem, agora, disputa os votos da direita. O ex-juiz sabe que o caminho do Centro é uma etapa ainda distante, sobretudo pelas arestas que tem com seus representantes. Mas ele sabe que o centro, especialmente os políticos ligados ao Centrão, age por instinto e de olho nas pesquisas. Se perceberem um crescimento na candidatura, seus representantes não terão o menor constrangimento em mudar de lado. É bom lembrar que o grupo já apoiou os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff – tendo atuado a favor de seu impeachment – e está, agora, no primeiro escalão de Bolsonaro.
O MDB ensaia lançar a senadora Simone Tebet, mas já se sabe que é apenas parte do jogo de composição, de olho no segundo turno. O partido tem problemas nos estados e, como o Centrão, também joga de olho nos números.
O caso mais emblemático é o PSDB, cujas prévias – até o fechamento desta coluna – ainda estavam indefinidas ante o bug no aplicativo. No entanto, seja qual for o resultado, antes de ir às ruas, o partido terá que catar os cacos e estabelecer a unidade em torno do vencedor, algo difícil neste momento.