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Causa própria

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Vencida a etapa da denúncia contra o presidente Michel Temer, que fica agora para 2019 – quando ele não ocupar mais o comando do país -, o Congresso, em vez de se voltar para as reformas, como se espera, tem uma pauta típica do umbigo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, criou uma comissão para analisar o projeto de lei sobre abuso de autoridade, aprovado pelo Senado e que estava parado na Casa há cerca de seis meses. Para juízes e procuradores, a proposta é mais uma tentativa de barrar as investigações da Lava Jato que ainda estão em curso e outras que podem vir adiante.

A discussão do tema, porém, não pode se dar no campo da paranoia, com os dois lados se acusando de agir em causa própria. De fato, a despeito do sucesso das investigações, há claros casos de abusos em que juízes e procuradores atuaram além do limite da razoabilidade, assumindo o papel de justiceiros, e não de agentes da Justiça. Basta ver o bate-boca entre os ministros do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e Luiz Roberto Barroso, na última quinta-feira, quando os dois trocaram graves acusações.

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No entrevero, Barroso acusou Gilmar de ser “parceiro da leniência com o crime de colarinho-branco”, enquanto este reagiu dizendo não ser “advogado de bandidos internacionais”.
Quando dois membros da suprema Corte chegam a esse nível, fica claro que há questões fora do lugar, ou, como o próprio Barroso gosta de dizer, há pontos fora da curva, pois os atores responsáveis por passar o país a limpo também não escondem o ego e, em algumas situações, até interesses pouco republicanos.
Por conta disso, há espaço para preocupações, uma vez que, ao mesmo tempo em que as autoridades batem boca, o Congresso se prepara para se proteger de novas investigações. Caberá às ruas, de novo, chamar todos esses personagens para o jogo.

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