Das 3.093 pessoas com diagnóstico positivo de Covid-19 em Juiz de Fora, 405 são profissionais que atuam na rede de saúde da cidade, representando 13% do total de casos confirmados até a segunda-feira, dia 20. A matéria, produzida pela repórter Carolina Leonel e publicada na edição de domingo da Tribuna, é emblemática, pois aponta para uma emergência global que ainda não chegou ao seu ponto crítico. A média móvel, desde março, continua acima de mil óbitos no país. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a doença ainda está aumentando no mundo afora e, até mesmo em países em que há a flexibilização, as atenções continuam sendo mantidas.
Na linha de frente desse enfrentamento, os profissionais da saúde estão no cenário de risco, que precisa cada vez mais de cuidados. A pandemia apontou para um setor que carece de mais atenção, sobretudo nas estruturas públicas, muitas delas em condições precárias a despeito de sua importância. Pelo país afora, foi possível detectar a precariedade das unidades de atendimento, que se agravou pela ausência de políticas públicas coordenadas.
Em Belo Horizonte, dados divulgados pela Prefeitura e publicados pelo jornal Estado de Minas mostram que os técnicos de enfermagem são os profissionais que mais testaram positivo. O grupo inclui 128 homens e mulheres ou mais de 43% num universo de 294 profissionais que se contaminaram na rede SUS da capital, suplantando de longe o segundo lugar, em que aparecem enfermeiros (37) ou os agentes comunitários (32) e os médicos (31).
O pano de fundo, porém, é o contexto global, no qual todas as categorias que ora enfrentam a doença nas unidades de saúde continuam sendo as mais afetadas.
O novo normal, que ainda não veio, e o incremento de vacinas numa fase posterior indicam para a necessidade de uma discussão mais profunda sobre a Saúde. O Brasil, há vários meses, tem um ministro interino, a despeito da necessidade de uma liderança apta a tocar ações necessárias à frente. Essa é apenas uma das pontas diante das demais que revelam a descoordenação geral que acabou comprometendo as políticas anticovid.
O fato de o país ocupar o segundo lugar no ranking dos países mais afetados é revelador desses impasses que, em determinado momento das discussões, resvalaram até mesmo na política, com o Governo central acusando governadores e prefeitos de politizar uma questão eminentemente de saúde. Só que a recíproca é verdadeira, com estes dirigentes também apontando para o modo como Brasília conduziu e continua conduzindo tal questão.