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O lobo do homem

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No dia 21 de abril de 1997, quando Brasília comemorava 37 anos, em vez da festa, um fato abalou o Distrito Federal e repercutiu pelo país afora, e até no exterior: o índio Galdino Jesus dos Santos morreu após ter sido queimado por cinco jovens enquanto dormia numa parada de ônibus. O fato chocou a opinião pública, pois desnudava o que é de mais perverso no ser humano, isto é, o desprezo pela vida de um semelhante. Mas se havia a expectativa de que o episódio se tornaria emblemático, para não mais acontecer, o efeito foi contrário. Outros casos foram registrados, a maioria deles envolvendo população em situação de rua.

Na edição de domingo, a Tribuna divulgou o caso de um homem de 34 anos que teve parte do corpo queimada, enquanto dormia na Praça Teotônio Vilela, no Bairro Vitorino Braga, Zona Sudeste de Juiz de Fora. No seu relato, disse que, ao adormecer, alguém se aproximou e ateou fogo em seu corpo, mas não soube repassar detalhes para os policiais. Ele foi encaminhado para a unidade de cirurgia plástica do HPS; teve queimaduras de primeiro e segundo grau.

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Em tempos de tantas insanidades, essa é mais uma que se incorpora ao cenário policial da cidade, indicando que o enfrentamento à violência é uma campanha de várias frentes. Neste mesmo espaço, a TM tem revelado o aumento da violência contra as mulheres – a despeito de tantas campanhas de esclarecimento – e os constantes embates entre jovens, tornando robustas as estatísticas de crimes consumados contra a vida. Mas essa questão é preocupante, pois esse tipo de crime costuma provocar clones. Basta o primeiro caso.

Esse universo, que justifica ser o homem o lobo do próprio homem, carece de discussão e de medidas claras, pois a violência não é mais um “privilégio das metrópoles”. A Tribuna também mostrou o aumento de ocorrências no entorno de Juiz de Fora e a reação de segmentos políticos e sociais que se reuniram nos últimos dias na busca de soluções. Em todos esses eventos, ficou claro que só polícia não basta, havendo necessidade de envolvimento coletivo de todas as instâncias para, em não revertendo, pelo menos estancar essa sangria que assusta a população.

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