Depois da eleição para prefeitos em todo o Brasil, a disputa política mais importante no âmbito nacional agora trava-se em Brasília, nas eleições para a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado. O resultado dessas duas votações irá interferir diretamente na sucessão presidencial de 2022, e é o primeiro embate com o presidente Jair Bolsonaro, que pretende disputar a reeleição. Nesta semana, mais um movimento importante foi dado para o desenho desse confronto.
Onze partidos indicaram, na quarta-feira, o parlamentar Baleia Rossi (MDB) como candidato ao comando da Câmara dos Deputados. A aliança faz parte de uma articulação para tentar derrotar o deputado Arthur Lira (Progressistas), líder do Centrão, que é apoiado pelo presidente Bolsonaro. A estratégia foi traçada pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM), que conseguiu reunir siglas de centro, centro-direita e de esquerda.
As 11 legendas reúnem políticos com ideologias opostas, senão antagônicas, como PT e PSL, DEM, MDB, PSDB, Cidadania, PV, PSB, PDT, PCdoB e Rede. O discurso de Maia para garantir a união em torno de Baleia Rossi passa pela defesa da democracia, da liberdade e da independência da Câmara e pelo combate de uma agenda considerada retrógrada. Alguns políticos de esquerda encamparam a tese e foram para as redes sociais tentar convencer seus colegas de bancada.
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) manifestou pelo Twitter seu posicionamento favorável ao ingresso do partido no que chamou de “bloco democrático”. Seu argumento era o de que é preciso deter o avanço do bolsonarismo no Parlamento e abrir mão de candidatura própria. Em apelo aos deputados da sigla, relembrou as ameaças feitas por apoiadores do presidente para fechamento do Congresso e do Supremo, a disseminação de fake news e outros fatos que estariam colocando em risco a democracia. Mas foi em vão. O PSOL ficou de fora da aliança e deve lançar nome para disputa.
Para o grupo de Maia, impedir a vitória de Lira na Câmara significa derrotar Bolsonaro. Na disputa política, o presidente já vem somando derrotas, como o mau desempenho de candidatos bolsonaristas nas eleições municipais. A vitória de Joe Biden, nos EUA, também tirou de cena um aliado importante do capitão, o presidente Donald Trump. A eleição que renovará a cúpula do Congresso ocorrerá em 1º de fevereiro de 2021. A disputa presidencial está bem mais distante, em 2022, mas quem conhece o cenário eleitoral brasileiro sabe que o jogo já está sendo jogado.