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Esperança e frustração

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O governador de São Paulo, João Doria, anunciou nesta segunda-feira que as primeiras seis milhões de doses da vacina CoronaVac, em acordo com o Instituto Butantan, em São Paulo, chegam ao Brasil em até uma semana. Produzida pelo laboratório chinês Sinovac, a vacina teve sua importação autorizada pela Anvisa, mas a aplicação na população ainda depende da conclusão dos estudos clínicos e da aprovação final da agência regulatória. Doria e o presidente Jair Bolsonaro têm divergido publicamente sobre a sua aplicação. Enquanto o governador anuncia a importação, o presidente não mudou de ideia e mantém, se depender dele, a restrição ao antídoto chinês.

Como ambos têm pretensões em 2022, a disputa que ora passa pela imunização coletiva não ajuda em nada na minimização de danos provocados pela doença. Ao contrário, politizar uma demanda tão importante só amplia discussões estéreis na população, que fica dividida entre vacinar, ou não, e no tempo em que a aplicação será efetivada.

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A vacina é o meio mais eficaz para garantir a imunização próxima dos 100%, mas é necessário cuidado na sua discussão. Os próprios cientistas têm lembrado que não se trata de uma solução de curto prazo, isto é, ainda em 2020, como parece ser a ideia do governador de São Paulo. Ainda há testes clínicos a serem feitos para, só a partir daí, o medicamento chegar às ruas, e isso demanda tempo.

Ninguém desconhece a ansiedade coletiva, mas informações contraditórias também são danosas, por provocar falsas esperanças ou frustrações infundadas. As autoridades formadoras de opinião deveriam, sim, insistir em campanhas de isolamento para quem dele carece e cuidados que precisam ser respeitados de forma coletiva. A Europa vive uma segunda onda por conta, em boa parte, da precipitação. No verão, no meio do ano, em vez de manter as políticas de prevenção, os estados nacionais liberaram a população, como se a Covid-19 tivesse passado. O resultado está aí, com recuos em regiões que se consideravam fora do mapa da pandemia. Com a chegada do inverno, a tendência é de agravamento.

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Aqui, no Sul do Equador, o verão se aproxima e, com ele, a tendência a aglomerações em locais diversos, especialmente praias, mas, enquanto a vacina não for uma realidade, a prevenção é fundamental. A flexibilização tem como objetivo manter a economia viva, diante dos riscos acentuados de crise, mas é possível conciliar abertura com cuidados, bastando a população entender que cada um tem que fazer a sua parte, pensando também no outro, pois todos ganham quando há empatia.

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