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Catástrofe nacional

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Quando se discutem metas para o país, é recorrente a questão da educação. Os políticos e os demais setores destacam que ela é fundamental para o projeto de nação, mas, quando se avalia sua implementação, a questão muda. A falta de investimentos e a adoção de políticas equivocadas têm mantido o ensino em patamares inferiores, dando origem a cidadãos que sequer sabem distinguir o que estão lendo. Os resultados da Avaliação Nacional de Alfabetização, divulgados na última quarta-feira pelo Ministério da Educação e Cultura, são extremamente preocupantes, pois apontam para o que os próprios analistas chamam de “catástrofe nacional”. Afinal, mais da metade dos alunos de 3º ano do ensino fundamental têm nível insuficiente em provas de leitura e matemática.

A pesquisa destaca, ainda, que esse cenário já não é mais exclusivo das regiões Norte e Nordeste, que sempre lideraram tais estatísticas. Continuam na frente, é fato, mas o Sul e o Sudeste, que mais pareciam um outro país, estão na mesma trilha em comparação com outros anos. Há várias explicações, mas ficou claro que o modelo atual se esgotou, carecendo de mudanças para reverter tais dados. Mas a própria mudança tem que ser bem avaliada, pois um dos pontos indicados é a falta de continuidade em projetos de longo prazo, que mudam a cada alteração na estrutura de poder, antes mesmo de ganharem consistência.

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A pesquisa dá margem para se entenderem, também, os fatos que ocupam o cotidiano. Quando a educação falha, o risco social se acentua, pois amplia as distâncias entre classes, produzindo um fosso que não para de crescer. E, quando isso ocorre, há margem para uma série de questões que deságuam em conflitos em todas as instâncias. A educação é a matriz de mudanças e de avanços sociais, e, quando ela falha, o retrocesso torna-se rotina. Esse, certamente, é um dos principais desafios dos tempos atuais, por não haver sentido numa produção de conhecimento tão precária em tempos em que a informação ganhou tempo real. Um cidadão que lê mas não entende acaba sendo massa de manobra para os oportunistas de plantão.

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