A alteração nos níveis de internação em Juiz de Fora motivou o surgimento de informações falsas sobre suas consequências. No fim de semana, por exemplo, foi dito que a Prefeitura iria recuar nas medidas de flexibilização, ora adotadas na faixa vermelha. Tal decisão, segundo a publicação, levaria, de novo, ao fechamento do comércio. Esclarecidos os fatos, ficou claro tratar-se de fake news. A quem interessa esse tipo de desinformação? Essa recorrente pergunta é feita para entender a motivação de personagens que se prestam a esse serviço.
Sob esse aspecto, dois fatores pesam: o primeiro deles é o contingente dos que acreditam em qualquer publicação, sobretudo por não tomarem o necessário cuidado de avaliar a fonte e outras implicações.
Mais do que isso, não buscam meios formais de comunicação para verificar se, de fato, tal notícia procede. Comprar a informação de primeira e, pior ainda, replicá-la tem sido a rotina do mundo virtual.
O autor da notícia falsa divulga para sua bolha, que, por sua vez, se encarrega de viralizá-la. E aí o dano está feito. Há, também, os que replicam mesmo sabendo da falsidade.
E esse é o outro fator. É fundamental verificar a motivação que há por trás de informações suspeitas advindas não apenas de quem as publica, mas também daqueles que as replicam. O mundo, e não apenas o Brasil, está envolvido em um perverso jogo político em busca de poder que utiliza de todas as ferramentas para alcançar o seu objetivo. Os muitos estudos apontam que a situação se agrava a despeito das reações políticas, jurídicas e policiais contra tais disseminadores. Os próprios provedores têm ficado mais atentos, bastando ver o número de publicações que tiram do ar por estarem eivadas de suspeita.
Mesmo assim, o ciclo de fake news ainda é intenso.
A preocupação se acentua em períodos eleitorais. Em 2022, o Brasil vai eleger deputados estaduais e federais, 1/3 do Senado e ainda governadores e presidente da República, e tudo indica que, mesmo diante de denúncias envolvendo o último pleito nacional, pouca coisa mudou. Ao contrário, os processos tornaram-se mais sofisticados, deixando o público-alvo à mercê desse jogo cujo combate só é efetivo com conhecimento.
As fake news não são uma ação de boa-fé, fruto do mero engano. Ela tem objetivos claros e alvos específicos, num processo deliberado para produzir resultados. Seu enfrentamento não se esgota no desmentido, pois, quando ela chega às redes, os efeitos são multiplicados. Por isso, qualquer tipo de informação, antes de ser passada adiante, deve ser alvo de desconfiança. Uma pena, mas é fato.