No início da sua terceira gestão, no ano 2000, o prefeito Tarcísio Delgado tinha como meta transformar as margens do Rio Paraibuna em um boulevard, com praças, quiosques e uma ciclovia. Acompanhado do secretário João Vítor Garcia, chegou a visitar Barcelona, na Espanha, e inseriu Juiz de Fora no projeto Mercocidades. A proposta de conhecer novas experiências e buscar recursos acabou esbarrando na economia, e nem mesmo a via para bicicletas saiu do papel, embora tivesse um projeto pronto, como lembrou o arquiteto Rogério Mascarenhas, em entrevista à Tribuna.
A versão original da ciclovia começava na Zona Norte, ocupando as margens da Avenida JK e da Avenida Brasil a partir de Benfica. A nova modelagem parte do Bairro Santa Terezinha e vai até o Bairro Poço Rico, bem mais modesta, mas a Prefeitura garante que a proposta final é levar o equipamento até o Bairro Ponte Preta, ao lado de Benfica. De acordo com o secretário de Planejamento do Território e Participação Popular, Martvs das Chagas, essa primeira etapa deve estar concluída ainda este ano.
A topografia de Juiz de Fora é desfavorável a ciclovias, mas outras vias podem ser contempladas, como os principais corredores da área central, o que seria um avanço para a mobilidade urbana. A Avenida Rio Branco é definida como uma ciclorrota – que consiste em uma separação física entre ciclistas e veículos -, mas esbarra numa outra questão que precisa ser bem trabalhada: a educação no trânsito. A despeito dos alertas avisando ser espaço também de ciclistas, nem sempre a convivência é pacífica ante a impaciência de motoristas e, por outro lado, de ciclistas que insistem em passar entre os veículos, como é comum com as motocicletas.
A implantação de campanhas educativas de forma permanente é a principal estratégia para o projeto, sobretudo por se saber de sua viabilidade. As principais metrópoles do mundo – e São Paulo é uma delas -, a despeito do intenso volume de carros, tem espaço para bicicletas, numa convivência que só dá certo pela formação de motoristas e ciclistas. Os pedestres também devem ser alertados para esse novo cenário, sobretudo nos sinais, já que nem todos os ciclistas param no vermelho.
A mobilidade urbana, como tem sido dito sistematicamente neste espaço, é uma demanda permanente. Em vários países, o incentivo ao uso de veículos alternativos tornou-se uma causa não só por conta do trânsito, mas também pelo meio ambiente. Estamos longe disso, mas é preciso começar, mesmo que seja com pequenas ações.