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Jogo de interesses

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A eleição da Mesa Diretora da Câmara Federal, praticamente dividida entre os deputados Rodrigo Maia (DEM) e Jovair Arantes (PTB), tem como pano de fundo uma série de eventos com reflexos imediatos nas ruas. Um deles é a reforma política. As legendas chamadas nanicas, sob o risco de ficar fora do Parlamento por causa da cláusula de barreira, já aprovada no plenário do Senado, querem barganhar seu apoio sob a condição de o tema não progredir na Câmara. Por sua vez, em sentido contrário, os partidos de maior porte condicionam seu apoio se o candidato mantiver a mesma proposta aprovada pelos senadores.

É preciso destacar que a reforma, que já deveria ter saído do papel há tempos, continua sendo uma questão menor na ótica dos parlamentares. Virou moeda de troca quando sua adoção deveria ser demanda incondicional. O país passa por várias crises, e parte delas tem no atual modelo uma das razões. A relação pouco republicana entre políticos e empresários teria tido menor impacto se o financiamento de campanha já tivesse sido pacificado. Por enquanto, coube ao Judiciário definir a questão, mas ainda não é um tema definitivo.

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Ninguém desconhece o que está por trás da presidência do Legislativo, a começar pelo fato de estar na primeira fila da sucessão. Como o presidente Michel Temer originariamente era vice-presidente da República, quem lhe substitui, automaticamente, é o presidente da Câmara. Mas este é apenas um dos pontos. O cargo tem prerrogativas de poder acentuadas, bastando ver o papel desempenhado pelo antecessor, Eduardo Cunha, que usou e abusou das prerrogativas. Não fosse ele, o processo de impeachment da presidente Dilma ainda estaria sangrando o país. Só que ele foi além, engrossando o currículo de benefício próprio que lhe dá direito, agora, a um espaço numa das celas de Curitiba.

Os partidos interessados fazem o jogo, o que torna fundamental o papel da opinião pública em tirar de cena condições de interesse exclusivo da instância política. Negociar pontos de uma reforma que sequer saiu do papel é preocupante, pois o que os partidos de menor porte querem é apenas a sobrevivência sob um alto custo para o país.

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