O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, como destaca a coluna Painel, nesta edição, está iniciando uma campanha de recuperação de cerca de dois milhões de títulos cujos eleitores, por uma série de razões, tiveram seu documento cancelado. Tal universo significa 17% do segundo maior colégio eleitoral do país, o que implica acentuar, pois, a sua relevância.
A Justiça Eleitoral não entra no mérito, nem deve, do que tal abstenção significa para o processo político, sobretudo por conta de outras implicações. Na mesma nota, está registrado que no último pleito estadual pelo menos seis milhões de eleitores não quiseram se manifestar em torno de alguma candidatura, votando em branco ou anulando o voto. Somados aos cancelados, são quase oito milhões de mineiros que têm papel relevante na eleição da representação política no estado e no Congresso, mas também na eleição para o governo estadual e a Presidência da República.
Os votos nulos e em branco fazem parte do processo, por serem alternativas para os eleitores que não endossam as candidaturas a eles apresentadas, mas o cancelado tem outras implicações, por tirar do jogo votos que podem decidir um pleito em qualquer de suas instâncias. A repatriação desses eleitores, portanto, é uma necessidade republicana, principalmente às vésperas de um pleito de tamanha relevância como o de 2022, no qual estarão em jogo as representações em assembleias Legislativas, Congresso Nacional, governos estaduais e Presidência da República.
Muitos dos cancelados são eleitores que sequer compareceram às urnas dos últimos anos, preferindo se ausentar por protesto ou por leniência, sem compreender a relevância da participação. Se ao anular ou votar em branco ele exerce uma forma de protesto formal, a abstenção tem uma extensão mais crítica, por demonstrar desinteresse por um momento histórico da cidadania.
Muitos desses personagens são os mesmos que engrossam filas de protesto contra a instância política por suas ações e inações, quando seu voto poderia ter, pelo menos, garantido o mandato de representantes envolvidos com suas próprias causas. A urna é um momento único, no qual o cidadão faz uma espécie de acerto de contas com os seus representantes. Quem se ausenta perde o direito, pelo menos em tese, de questionar o desempenho da instância política legislativa ou dos dirigentes.
A campanha do TRE, no entanto, deve ser mais assertiva, destacando a importância do voto. O pleito de 2022, pelo próprio cenário político do país, será fundamental para definição dos rumos a seguir. A ausência, pois, será um descompromisso como futuro.