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Números preocupantes

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A geração abaixo dos 35 anos não deve se lembrar dos tempos críticos da inflação, quando os preços eram ajustados diariamente – até por mais de uma vez -, e os salários eram corroídos pela inflação, que beirava os 80%. Há, é fato, os que ganhavam, com investimentos no overnight, que dava rendimentos da noite para o dia, mas somente àqueles com capacidade de aplicação. O Plano Real, implantado na gestão do presidente Itamar Franco, mudou esse cenário. Os fiscais do Sarney desapareceram, por não serem mais necessários, e a economia entrou em outro patamar.

Por conta disso, muita gente se surpreende com a inflexão econômica vivida pelo país, com alta de preços em 15 das 17 capitais investigadas pelo Dieese, sem que fossem levados em conta os números das cidades de porte médio, como Juiz de Fora. Como a Tribuna revelou na edição dessa quarta-feira, o preço da gasolina voltou a subir, chegando a R$ 6,49 em alguns postos, acima até de metrópoles como São Paulo, onde o preço do combustível beira os R$ 6. As tentativas de explicação e os projetos de controle ficaram apenas no campo das intenções, tudo em nome do mercado, que regula os preços, e da cotação do dólar, moeda de referência no processo de importação e exportação.

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O fato relevante desse processo é o recuo nas compras. O brasileiro tem clara percepção de que seu salário está perdendo para os custos, num embate em que os segmentos mais carentes pagam uma conta ainda maior. Mas não há vencedores nessa questão. O setor produtivo também tem reflexos negativos quando caem as vendas, dado que já é visível em vários setores.

O que se discute é como o país chegou a tal ponto depois de décadas de inflação controlada. A volta do fantasma inflacionário é um dado preocupante, sobretudo pela inação da área econômica em seu controle. Com projeções passando da casa dos 7%, a recuperação dos números anteriores torna-se um desafio que não se enfrenta apenas com discursos. O ministro Paulo Guedes assumiu com um projeto que ficou no papel, e a incerteza torna-se o pior dos mundos, sobretudo quando se trata de investidores.

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A economia é mais um elemento a entrar na pauta diante de um cardápio de tantas preocupações na política e na saúde. A pandemia ainda não está sob controle, bastando ver as implicações da variante delta, que leva os especialistas a advertirem para os cuidados a serem tomados. Há, pois, motivos suficientes para se ficar alerta.

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