Juiz de Fora, tornou-se, com razão, um novo ponto de preocupação das autoridades sanitárias por ser mais um fator de contaminação da Covid, cujas repercussões ainda são desconhecidas integralmente pela ciência. Num país com índices de vacinação aquém da necessidade, qualquer fato novo acende a luz amarela, mesmo diante da queda do número de mortos e contaminados. Ainda é cedo para comemorar, embora, com a imunização, seja possível enxergar a luz ao fim do túnel.
Mas esses mesmos números têm sido responsáveis por avanços e recuos das ondas ou faixas de controle que servem de referência para flexibilização, sobretudo, da atividade econômica. E aí há um claro problema, pois o setor produtivo tem vivido um ciclo de incertezas. Há cerca de duas semanas, por exemplo, comemorou a adoção da faixa laranja, que ampliou as atividades, mas, uma semana depois, houve o recuo. Desde ontem, a cidade está, de novo, na faixa vermelha, embora não seja a mais crítica, mas suficiente para gerar preocupação.
Quando é autorizado a retomar suas atividades, há todo um processo de compra e estocagem de produtos para atender à demanda, e, no recuo, o setor vive a mesma experiência do pintor de quem é tirada a escada, sobretudo quando se trata de produtos perecíveis. Ninguém ignora a responsabilidade das autoridades sanitárias e sua expertise em determinar as ondas ou as faixas, mas tais decisões precisam ser definidas com antecedência para evitar surpresas. No caso de Juiz de Fora, por exemplo, o retorno à faixa vermelha só foi avisado ao final do dia para viger já na data seguinte.
É fato que a doença não espera, mas o monitoramento deve servir de referência para garantir a adoção de mudanças com prazos razoáveis. Por ser polo, a cidade continua recebendo pacientes de outras regiões em razão da universalidade do Sistema Único de Saúde e pela necessária solidariedade, que deve ser uma máxima entre os entes federados, mas até mesmo esse fluxo não ocorre de uma hora para outra.
Outro fator a ser levado em conta são as especulações. O fato do dia é uma possível terceira onda, reforçada pela cepa indiana. Tais projeções ampliam ainda mais as incertezas e a insegurança coletiva, sobretudo quando são baseadas em dados que nem sempre se configuram na prática, mas influem diretamente nas decisões das autoridades sanitárias.
O fato principal está na imunização, que precisa ser acelerada pelo país afora em ato paralelo às medidas objetivas, como uso de máscara e distanciamento social. O país, espera-se, já deve ter passado pelo momento mais crítico, mas longe ainda de considerar a doença controlada.