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Um ano depois

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No fim de fevereiro do ano passado, o Brasil registrava oficialmente o seu primeiro caso de morte pela Covid-19, que já estava provocando danos irreparáveis no continente asiático e chegando à Europa. O óbito foi tratado como uma mera coincidência, mas pouco serviu de alerta para as autoridades sanitárias oficiais, considerando a doença um dado perecível, isto é, que seria resolvido no médio prazo. Ledo equívoco. O país abriu a semana computando a terrível marca de 250 mil mortos pelo coronavírus e, mais grave ainda, com viés de alta, na contramão de países que trataram a pandemia com maior responsabilidade.

Mas a causa não se esgota na leniência oficial. Vários segmentos foram pela mesma trilha, seguindo o discurso da “gripezinha”, o que até hoje gera consequências. Não é pequeno o número de pessoas que ainda se consideram imunes e outros tantas que rejeitam a vacina. Na noite de quarta-feira, em Curitiba, agentes da Ação Integrada de Fiscalização Urbana interditaram um culto religioso com mais de duas mil pessoas em uma igreja. Foram aplicadas três multas, que somaram R$ 150 mil, mas o mal já está feito. Os responsáveis não tinham qualquer motivo para desconhecer os protocolos, pois são pessoas minimamente esclarecidas. As imagens mostraram aglomeração e pouco uso de máscara.

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O crescimento dos números, com média móvel superior aos momentos mais críticos da pandemia, tem como uma das causas os abusos durante o carnaval. Pelo país afora, a despeito do cancelamento do evento, as aglomerações foram frequentes, formadas por incautos que não mediram as consequências. A conta chega com um agravante: vários contaminados não estavam nesses grupos, mas foram afetados por parentes ou amigos que os frequentaram.

É preciso atenção com o discurso que está sendo vendido. As vacinas são o antídoto mais eficiente, mas, enquanto não houver a imunidade de rebanho – que levará tempo -, até mesmo quem já recebeu as duas doses dever manter distância das aglomerações e precisa continuar usando máscara. O vírus passa por mutações, e a ciência ainda não tem certeza dos efeitos da vacinação sobre essas novas cepas, o que só será possível com o passar do tempo. Até lá, são especulações, insuficientes para voltarmos aos velhos tempos.

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