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Aposta de risco

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O Partido dos Trabalhadores ingressa no pior dos mundos ao partir para o confronto de acordo com os discursos realizados nessa quinta-feira (25), durante reunião do comando nacional, em São Paulo. O presidente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stedile, destacou que os movimentos populares não deixaram Lula ser preso. O senador Lindbergh Farias pregou a desobediência civil. “Vamos derrotar esse golpe com uma liminar judicial? Não. Só temos um caminho, que são as ruas, as mobilizações, rebelião cidadã, desobediência civil”, enfatizou. O registro da candidatura de Lula é o próximo passo, mesmo sob o risco de esta ser impugnada pela Lei da Ficha Limpa, a mesma que ele sancionou quando era presidente da República.

A tática de manter a chama acesa funciona para a militância, mas não atrai a sociedade nem os demais partidos, que, pelo instinto próprio de sobrevivência, já elaboram seu plano B. Insistir no projeto Lula, na avaliação destes, é uma aposta de risco, ante a possibilidade de se ficar sem opções na reta final de campanha. O PT pode até se fixar nesse projeto, uma vez que ainda cabem recursos em diversas instâncias, inclusive o Supremo Tribunal Federal, mas pregar a desobediência civil é descrer nas instituições. O Judiciário pode ter tido os seus exageros – e os teve, sobretudo pelo protagonismo de alguns magistrados -, mas não migrou para o terreno da ilegalidade em suas decisões. Por isso, o direito das ruas, a despeito de ser garantido pela lei, não pode ser forjado na defesa da ilegalidade, e um senador da República não tem o direito de fazer esse tipo de pregação.

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A conquista da democracia custou caro para a sociedade e para muitas lideranças, a começar pelo próprio Lula; questionar as instituições em nome de uma democracia de interesses é um dano à própria democracia. Quando se prega a desobediência civil, sob que cânone jurídico a vida deve ser tocada?

Para a plateia, ainda faz um certo sentido, mas esse discurso não pode ser a base das próximas ações de um partido que surgiu do chão de fábrica em 1979 e chegou ao poder em 2002. O PT tem história e deve mantê-la, para o bem do próprio país; daí, sair dessa trilha é dar fim a um projeto que se fez forte e eficiente ao longo do tempo com o envolvimento de pessoas forjadas na luta contra a ditadura e que ainda pode, por meio das urnas, executar muitas metas contidas em seu programa.

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