Em entrevista na última terça-feira pelas redes sociais, o prefeito Antônio Almas alertou para os riscos de uma segunda onda de contaminação pelo coronavírus, destacando, como fizeram diversas outras autoridades sanitárias, a possibilidade de um recomeço da pandemia. O argumento bem sólido se dá em torno dos números. A despeito de uma curva descendente nos casos de mortes, a contaminação volta a ter índices de sua fase mais crítica, numa clara demonstração de que não há margem para descuido. As macrorregiões de saúde Centro-Sul, Oeste e Triângulo-Sul regrediram, da onda verde para a amarela, na classificação do Plano Minas Consciente.
Neste mesmo espaço, o tema tem sido recorrente, sobretudo pela necessidade de manter a discussão na agenda da população. Enquanto as vacinas, antídoto mais seguro, não chegarem, todas as precauções devem ser mantidas. A flexibilização em diversos setores pode e deve ocorrer, mas as medidas de segurança não podem ser colocadas em segundo plano. E aí, a parte mais interessada é a própria comunidade. A ida às ruas deve ser por necessidade, única e exclusivamente. O lazer deve ser praticado – até para melhorar a saúde mental – mas com precauções determinadas em protocolos, distante, aliás, do que tem sido visto, especialmente nas praias, normalmente lotadas, como nos bons tempos de verão.
A segunda onda não é um fenômeno brasileiro. O chamado primeiro mundo tem retomado várias ações, a fim de garantir que o novo normal seja uma realidade sem que isso signifique zerar os casos. França e Espanha, especialmente, repensam suas decisões, a fim de evitar um recuo drástico.
Médico por profissão, Almas tem razão quando chama a atenção da população e seria demagógico ir pelo caminho contrário. Mesmo assumindo o preço do desgaste, adotou a prevenção como máxima para garantir a saúde coletiva e espaço na rede hospitalar para aqueles que precisam de atendimento. A volta aos “bons tempos” a essa altura do campeonato pode colocar em risco os níveis de ocupação, que, em alguns municípios, já se tornaram preocupantes.
O debate sobre o enfrentamento à Covid-19, certamente, voltará a esta página de opinião, por ser um tema que ainda carece de cuidados efetivos. A população precisa ser alertada sistematicamente do papel que deve ter nessa luta que é de todos. Com ou sem volta às aulas, o tema tornou-se uma pauta pedagógica, a fim de garantir que todos tenham acesso aos processos que ocorrem em diversas instâncias.
A eleição, que entra na sua fase mais aguda com o início da campanha, não deve ser um território árido sobre essa questão. Os futuros prefeitos e prefeitas ainda vão conviver por um longo tempo com o drama que tirou o sono dos atuais gestores. Saber o que pensam e o como pretendem fazer nesse cenário ainda de incertezas será levado aos palanques virtuais, pois o eleitor vai querer saber o que pretendem fazer quando assumirem a gestão das cidades.