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Imprensa livre

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O estilo paz e amor adotado pelo presidente Jair Bolsonaro foi quebrado no fim de semana quando reagiu a uma pergunta de um jornalista do jornal “O Globo”. O repórter perguntou-lhe sobre depósitos feitos por Fabrício Queiróz em favor da primeira-dama, de acordo com reportagem da revista Crusoé. “A vontade é de encher tua boca com uma porrada, tá?”, reagiu. A repercussão nas redes sociais e até na imprensa nacional foi imediata, não pelo ineditismo, mas pela fala em si, algo impróprio para um chefe de Governo. O jornalista não foi impertinente, tendo feito apenas uma indagação sobre o material publicado.

A fala do presidente repete momentos tensos, especialmente do ano passado e do início da pandemia do coronavírus. Como destacou o jornal Folha de S. Paulo, “a maior parte teve relação com denúncias envolvendo auxiliares presidenciais, como o ministro Marcelo Álvaro Antônio e o secretário Fábio Wajngarten, e controvérsias relacionadas a seus filhos, como o senador Fábio Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro”.

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Ações e reações são próprias do viés humano, mas precisam ser calibradas não só por força do cargo, mas do bom senso. Quando uma liderança age de tal forma, dá margem para outras tantas caminharem pela mesma trilha, com consequências perigosas. As redes sociais são pródigas em fomentar esse jogo, não só o amplificando, mas também cometendo deliberadas distorções.
A democracia implica o livre direito de expressão, sobretudo quando não atenta contra a honra de terceiros. Mesmo em tais situações, a Justiça é o caminho adequado para reduzir os danos. Ameaçar, nunca. Os desdobramentos do episódio colocam o presidente, de novo, no centro da polêmica, num momento em que há prioridades a serem cumpridas, especialmente no enfrentamento da pandemia do coronavírus.

Ontem, Bolsonaro evitou comentar o caso, mas o que se espera não só dele, mas de todos os que se consideram dentro desse imbróglio, é o caminho inverso, isto é, do entendimento do trabalho do repórter. A imprensa tem papel fundamental na democracia, e ameaças de qualquer nível não devem prosperar, pois a perda é coletiva.

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