As audiências públicas são importantes por ampliarem o espaço de discussão de temas relevantes da cidade. Todas são fundamentais para jogar luzes em questões que não se esgotam no espaço legislativo, sobretudo quando há questões que precisam, necessariamente, de ampla avaliação. Esta semana, vários temas entraram na agenda da Câmara e dois deles chamaram a atenção pela sua repercussão.
Na quarta-feira, cerca de 200 pessoas discutiram os rumos do Hospital Regional e houve consenso sobre sua importância, embora o Estado ainda busque alternativas para a sua gestão. Na tarde de ontem, também com ampla participação, a pauta se voltou para o Museu Mariano Procópio, um dos próprios do município de maior relevância, ora fechado em decorrência de obras inacabadas. Pelo menos uma geração de crianças e adolescentes desconhece seu interior, já que o fechamento já passa de uma década.
Na audiência dessa quinta-feira, o nó górdio, e que vem marcando as discussões, envolve a gestão. O Conselho de Amigos, que há anos apresenta ao Executivo uma lista tríplice para escolha do diretor, questiona a mensagem encaminhada à Câmara pela Prefeitura, na qual, a despeito de não se desconhecer a lista, há um elemento novo: a gestão seria feita por um superintendente, colhido por ação pública, enquanto o representante dos Amigos do Museu teria o papel de curador.
Os conselheiros reagem à ideia por entenderem ser contrária aos desejos do doador, Alfredo Ferreira Lage, mas também são fortes os argumentos em oposição a esse ponto de vista, apontando para a necessidade de modernização do modelo de administração, que precisa estar linkado aos projetos de gestão de outros museus.
Divergir é da democracia e é por meio do contraste de pontos de vista que se estabelecem as melhores discussões. Por isso, não faz sentido demonizar esse ou aquele ponto de vista, mas é vital que haja interesse de se encontrar a melhor opção para o museu e para a própria cidade. Aos vereadores, a quem é dada a competência de discutir e votar a matéria, cabe o papel de se chegar a uma solução.
O Museu Mariano Procópio é uma referência nacional e se situa entre os dois mais importantes em ativos do império. Sua relevância vai além dos limites da cidade e do Estado, o que amplia ainda mais a responsabilidade de se encontrar a solução mais adequada para o seu futuro.