Faltando mais de um ano para as eleições presidenciais de 2022, quando também estarão em jogo os governos estaduais, Congresso e assembleias, a temporada de caça ao voto já está aberta, bastando acompanhar a movimentação dos atores políticos. O presidente Jair Bolsonaro fez um périplo pelo Nordeste, onde encontrou-se com as principias lideranças, e cuida do seu território, como a motociata de domingo pelas ruas do Rio de Janeiro.
Seu principal adversário, o ex-presidente Lula, também está em plena atividade, com reuniões internas e visitas a vários redutos numa volta ao jogo político. Ele e Bolsonaro, hoje, estão ocupando os polos de esquerda e direita, numa divisão que não surpreende e que replica os acontecimentos de 2018.
O jogo, porém, não se esgota na dicotomia esquerda e direita. Ante o prestígio e os desgastes dos protagonistas desta pré-hora eleitoral, o Centro tenta se mobilizar, em busca da terceira parte do eleitorado, mas encontra problemas. O primeiro deles é a falta de consenso em torno de um só nome ante o discurso e a postura dos atuais personagens. O ex-ministro Ciro Gomes, que seria visto como uma opção de Centro, tem dificuldades por conta de seu discurso duro, que acaba mais desagregando do que somando. Ele tenta moderar o discurso, mas bate duro em eventuais aliados de um segundo turno.
Com problemas internos, em decorrência dos enfrentamentos entre o ex-prefeito ACM Neto, presidente nacional, e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, os democratas devem lançar o nome do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, que voltou aos holofotes durante depoimento na CPI da pandemia.
Ganhou palanque para esgrimar com os parlamentares, mas terá que contornar o embate interno. Na semana passada, o DEM perdeu o governador de Tocantins, Maurlo Carlesse, que se filiou ao PSL, para disputar o Senado, e o vice-governador de São Paulo Rodrigo Garcia, que trocou o DEM pelo PSDB, num movimento orquestrado pelo governador João Doria. Esta semana, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, deve anunciar sua ida para o PSD, levando junto o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia.
Os tucanos vão decidir no segundo semestre quem será o seu pré-candidato à Presidência, mas já se dividem no prazo de definição. O governador de São Paulo, João Doria, quer a prévia ainda este ano. Seus concorrentes, Tasso Jereissatti e Artur Virgílio, defendem a escolha em 2022, enquanto o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Salgado, está indeciso.
A busca do eleitor de centro começa dividida, o que, hoje, facilita, de novo, a polarização.