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Efeitos da escassez

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A chegada do período das chuvas soa como um alívio para as autoridades nacionais, por significar a retomada dos estoques nos mananciais, mas nada garante que as águas de outubro, que devem ser mais intensas do que as do ano passado, sejam suficientes para resolver a escassez. Mananciais como o de Furnas vão precisar de bem mais do que isso para retornarem ao nível normal.
Em entrevista na última quarta-feira, o governador Romeu Zema alertou para o problema e advertiu que o impacto da escassez vai comprometer a geração de energia, sobretudo por conta da integração do sistema. Minas, disse ele, será um dos afetados. O discurso, porém, não trouxe novidades. Desde a crise hídrica de 2012 já se sabia que era preciso investir em outras fontes de geração para garantir o crescimento da economia, mas pouco se fez ao curso dos anos.

Além de não atuar fortemente na elaboração de fontes de energia renováveis, os governos aplicaram suas fichas em hidrelétricas, muitas delas sem estrutura para funcionar em tempos de falta de chuvas.

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Em recente matéria, a Tribuna mostrou o crescimento da utilização da energia solar. É, de fato, uma realidade, mas os maiores investidores estão na iniciativa privada por empresas ou por projetos residenciais. O setor público ainda engatinha, a despeito de o país ser contemplado por dias de sol em boa parte do ano.

Some-se a isso o pouco cuidado com os mananciais e seu gerenciamento precário. Em Juiz de Fora, a despeito da falta de chuvas, as três represas ostentam níveis razoáveis graças a políticas de evasão que foram adotadas pela Cesama, fazendo manobras estratégicas para garantir equilíbrio no fornecimento. Trata-se de uma exceção, bastando ver a situação dos mananciais pelo país afora, a começar por Furnas, citada pelo governador.

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As águas de verão, que devem se estender até março, certamente, vão reduzir o problema, mas o alerta está dado. Os atuais dirigentes ou os que serão eleitos no ano que vem devem colocar essa questão na sua lista de prioridades, para dar fim ao jogo da sorte, que aposta em São Pedro para garantir a perenidade dos mananciais. A natureza faz a sua parte, mas cabe ao homem geri-la da melhor maneira possível para o bem coletivo.

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