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Lei de Gérson

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Craque nos campos e bom nos comentários, o ex-jogador Gérson protagonizou uma campanha que até hoje lhe custa caro. Nela, ele defendia o uso da vantagem como uma característica do sucesso. A ingênua publicidade da Lei de Gérson tornou-se símbolo dos aproveitadores que usam de todos os meios para levar algum. Certo? – dizia o ex-jogador. De forma alguma, mas é uma prática usual, que se revela, sobretudo, em momentos críticos para a sociedade. No ciclo da pandemia, foram muitas as denúncias de compra de equipamentos com sobrepreço e outras de aquisição de material sem qualquer utilidade para o tratamento.

Enumerar casos de vantagens indevidas é impossível, pois tornou-se uma rotina em todos os setores, sem qualquer constrangimento ético para tais personagens. Ontem, diante da permissão para substituírem os ônibus que estavam parados, em decorrência da greve dos rodoviários, houve quem, a despeito de o preço definido em decreto ser o mesmo das passagens – R$ 3,75 – cobrasse R$ 4, num aproveitamento claro das agruras dos usuários, que, sem outros meios, se submetem ao preço não combinado.

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A denúncia é grave, pois os veículos empregados no trabalho são, em tese, cadastrados e autorizados a fazer o transporte escolar. Portanto têm concessão do serviço público para exercer tais atividades. Os possíveis infratores não podem ficar impunes a esse abuso, mesmo de menor monta. O que pesa não é o preço, e sim o gesto.

Durante a crise do mensalão e os escândalos que o antecederam, viu-se claramente que tirar vantagens passa por todas as épocas e instâncias. Os anões do orçamento no Congresso, ainda nos anos 1980, manipulavam emendas; depois, vieram o “Mensalão”, o “Petrolão” e a “Lava Jato”, frutos de uma perigosa combinação entre público e privado, sangrando os cofres do Governo.

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Gérson não teve vantagem alguma, mas os personagens desse jogo de interesse continuam agindo, mesmo diante de tantas investigações. Um estudo apresentado ontem aponta que golpes na internet dispararam na pandemia, numa clara demonstração dos riscos que se apresentam até mesmo em momentos críticos para a humanidade. Num cenário de incertezas e inseguranças, há os que se apresentam para tirar vantagens a despeito dos custos impostos às suas vítimas.

Há questões de instância penal e outras de viés moral, mas ambas enquadradas num processo em que tais atores ignoram os danos e nem se incomodam com os resultados sobre terceiros. Tanto o Estado, como agente, quanto a sociedade têm que exercer o papel de conter tais abusos que grassam por todos os segmentos.

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