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O novo normal

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A retomada de várias atividades num momento em que a Covid-19 tem números críticos, especialmente nas cidades do interior, soa como um contrassenso com respaldo de várias instâncias de poder. No Rio de Janeiro, o Campeonato Carioca tem rodada no domingo sem a presença de público e, segundo os organizadores, cercada de todos os cuidados. O ato em si pode ter, de fato, a segurança ideal, mas sinaliza para outros segmentos que está tudo normal. O Brasil já tem quase 52 mil vítimas fatais da pandemia e o número de infectados, graças à subnotificação, é bem aquém da realidade. Alguns especialistas admitem que os dados são oito vezes maiores do que os que são divulgados pelas instâncias oficiais.

E não se trata de má-fé, como argumentam alguns, para burlar dados, mas pela própria incapacidade do Estado – e aí se fala em todos os níveis – de verificar o grau de infecção da população. Isso só é possível com testagem, dado que se tornou um problema não apenas por razões estruturais, mas também financeiras. Os testes mais seguros, como o PCR, têm um custo impeditivo, que aumentou ao curso da pandemia.

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Países que investiram na testagem, como Coreia e Alemanha, para ficar nestes dois exemplos, já têm um perfil da doença e podem, com segurança, tomar medidas de abertura de suas atividades diferentemente de outros países que assim também o fazem, mas sem qualquer segurança, fruto da justificada pressão do setor produtivo e, principalmente, pelo comportamento da própria comunidade, que não segue regras e povoa as ruas como se nada estivesse acontecendo. Além disso, há falhas em regras, que permitem a abertura de alguns segmentos em detrimento de outros.

Em Minas, o governador Romeu Zema, ao admitir medidas mais duras de isolamento, tem apelado aos prefeitos a fazerem o mesmo, pois, por si só, não tem meios e nem poderes para atuar na instância municipal. O programa Minas Consciente, que dá ao Estado essa permissão, foi adotado apenas por 142 municípios num cenário de 853 cidades, algo precário em se tratando de um estado de tal dimensão. Por isso, os prefeitos, que acabam ficando à frente das decisões, por conhecerem o problema de perto, precisam avaliar com critério a situação de seus municípios.

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Cidades-polo, como Juiz de Fora, têm pago um preço alto diante da leniência de alguns vizinhos, que não se preocupam em tomar providências, preferindo deixar a vida seguir. O grave é que seus doentes vão para o município sede ante a ausência de estrutura própria para seu acolhimento.

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