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Pelas conveniências

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A decisão do presidente Michel Temer de desistir da reeleição — fato que só ele e seu núcleo duro de poder entendiam ser factível — mostra o pragmatismo do MDB, que, em momento algum, viu no seu líder uma possibilidade de poder. Com apenas 1% da opinião pública, o presidente insistia na tese da reeleição como única forma de manter o seu legado político. Na última terça-feira, rendeu-se aos fatos e anunciou a candidatura do seu ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Este, porém, ainda precisará vencer setores emedebistas que preferem, em vez da cabeça de chapa, um acordo que possa garantir espaços consideráveis de poder, como vem ocorrendo nos últimos anos.

O MDB de hoje não é o mesmo que enfrentou a ditadura, mas mantém seus momentos de federação, abrigando várias alas. Os defensores da candidatura de Meirelles entendem ser uma chance única de vitória, sobretudo pela desidratação do centro político. O outro nome, o tucano Geraldo Alckmin, não decola e o MDB poderia ocupar esse espaço. Mas outra banda acha melhor manter o antigo modelo de ser amigo do rei em vez de ser o topo da pirâmide, por ser mais seguro. Coincidentemente, os defensores dessa tese são os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros, que sempre estiveram no centro do poder.

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O que ocorre no universo emedebista, no entanto, é apenas reflexo do pragmatismo dos dirigentes partidários que dispensam a opinião do eleitor e tratam os acordos em função de seus próprios interesses. O núcleo duro, que insistia na candidatura de Temer, jogava com o foro privilegiado, pois seus componentes, como os ministros Alexandre Padilha e Moreira Franco, estão no olho do furacão da Lava Jato.

Com o avanço do tempo, o jogo começa a ser definido. A partir do mês que vem, os partidos já podem fazer suas convenções, ocasião em que será possível ver com quais fichas irão para os palanques. Até lá, tudo é possível, inclusive o nada. Vários pré-candidatos tendem a sair de cena e alguns outros podem buscar novos rumos, optando por disputar cargos em que terão mais condições de se eleger. Nos estados, sobretudo, ainda há muito a ser feito até a definição dos candidatos.

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