O novo carregamento de dois milhões de vacinas, que chegou nessa terça-feira ao Brasil, deve ser seguido de outras doses distribuídas pelo Instituto Butantan, indicando a possibilidade de retomada do ciclo de imunização, ora parado em vários estados por falta de material. O governador Romeu Zema, por meio de suas redes sociais, disse que “Minas receberá mais vacinas contra a Covid-19! O Ministério da Saúde garantiu o envio de 3,2 milhões de doses aos estados. Até o final do dia, o Programa Nacional de Imunizações irá informar o quantitativo para Minas Gerais”, escreveu. Os números não são confirmados, mas ele segue o mesmo discurso feito na última sexta-feira, na Rádio CBN Juiz de Fora, pelo secretário estadual de Saúde, Carlos Eduardo Amaral. Na ocasião, ele destacou que um lote de cerca de três milhões de doses chega ainda no início do mês, e outro tanto, até o início de abril.
A informação é positiva, mas é necessária a confirmação ante o cenário de incerteza que ainda paira sobre essa questão. Ao mesmo tempo em que a Anvisa dá licença definitiva à Pfizer, para aplicação da vacina no Brasil, a compra do produto ainda está emperrada nas discussões entre o Governo brasileiro e o laboratório por conta de algumas cláusulas contratuais consideradas leoninas pela gestão nacional. A mais polêmica – e que levou Argentina e Venezuela a tomarem o mesmo caminho – tira do fabricante qualquer responsabilidade por danos colaterais. Isso é um problema.
Ainda ontem, o senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, anunciou a elaboração de um projeto que compartilha as responsabilidades, envolvendo, inclusive, estados e municípios, mas é preciso combinar com os beques, pois não se trata de uma questão tão simples.
O caminho mais adequado é seguir os conselhos dos especialistas ouvidos ontem na CBN. Durante debate, o pesquisador Fernando Kreutz e os médicos Fernando Aarestrup e Marcos Moura destacaram a importância da vacina, mas lembraram que ainda há um longo caminho a ser cumprido, pois só depois de determinados prazos será possível ter um cenário completo da imunização. A despeito disso, manter o uso de máscara e isolamento, quando possível, será necessário por bom tempo.
A simples despolitização da vacina, como é possível perceber em algumas instâncias, já é um avanço, pois não faz sentido atores de olho em 2022 ficarem utilizando a imunização para seus projetos eleitorais. O fundamental, agora, é um discurso de aproximação, para encurtar o tempo das ações de combate à pandemia.
Manter o tema no palanque é um contrassenso, pois joga contra a própria população, algo que não é concebível diante de uma questão de tamanha gravidade.