Na edição dessa quinta-feira, na coluna Vida Urbana, a Tribuna mostra um sofá dispensado incorretamente dentro do Rio Paraibuna, nas proximidades do Córrego Humaitá, no Bairro Industrial, num claro desmazelo da própria população no trato com o seu próprio lixo. Num período em que as chuvas estão chegando, tal cena é emblemática para advertir para a importância de campanhas de esclarecimentos que se fazem necessárias sempre, especialmente, neste período.
Tem sido recorrente no jornal o debate sobre os riscos da população no período das chuvas. Eles se acentuam pela topografia comprometida de Juiz de Fora, pela ocupação irregular das encostas e, também, pelo que ficou claro na imagem do Paraibuna: o descarte irregular do lixo. O sofá é a face mais explícita do que tem sido jogado dentro de rios e córregos a despeito de a cidade ter um recolhimento de lixo exemplar.
Todos os anos, as inundações têm se apresentado cada vez mais críticas por conta dos muitos fatores que perpassam a vida das cidades, a começar pela impermeabilização, que se faz necessária diante da mobilidade urbana. A modernidade criou situações paradoxais em relação a outros tempos, como cobrir os córregos em toda a sua extensão. O juiz-forano conhece pouco esse cenário, pois a maioria deles está sob ruas e avenidas, a começar por uma das principais delas. O córrego Independência passa em toda a sua extensão debaixo da Avenida Presidente Itamar Franco. Seu nível de assoreamento é desconhecido.
A limpeza de tais regiões não ocorre há anos. Recentemente, foi avaliada a situação do Paraibuna e de seus afluentes, a despeito de a cidade, quando do desmantelamento do DNOCS, ter sido beneficiada por equipamentos capazes de executar esse serviço. Esse maquinário se perdeu com o tempo, e, por um vasto período, já não se veem as dragas fazendo tais operações.
Todos esses dados são sistematicamente discutidos nesse espaço, mas a questão não passa apenas pela cobrança dos serviços públicos. Devem, é fato, cumprir o seu papel, mas, se a população não for parceira, os resultados serão tênues. Na mesma nota em que mostra o sofá no rio, é destacado que outro móvel também foi jogado no Paraibuna nas proximidades do Bairro Industrial. Há, portanto, um ciclo de abusos que precisa ser combatido.
A educação ambiental deve ser uma agenda a ser inserida também na disputa eleitoral, por conta de sua importância. Quando a conscientização é colocada em segundo plano, as consequências são graves para a própria população.