Nesta quarta-feira, devendo se estender até amanhã, a Prefeitura de Juiz de Fora inicia o processo de contratação de empresas para readequação dos trevos dos bairros Vale do Ipê e Teixeiras, que deverá consumir recursos da ordem R$ 108 mil dos cofres públicos. Por sua vez, com o envolvimento da iniciativa privada, também deve entrar em curso a remodelação do trevo do Bairro Estrela Sul, que dá acesso à Alameda Alexandre Leonel.
Todas estas obras são importantes para facilitar o fluxo de veículos, sobretudo em horários de pico, demanda que há anos vem sendo apontada pela população. A previsão é de que fiquem prontas ainda este ano, a despeito do início do ciclo das chuvas, que já dá os primeiros sinais neste início de primavera.
Como as cidades são dinâmicas e o volume de veículos continua em ascensão, embora não seja essa a melhor política, é preciso criar condições de mobilidade, a fim de evitar as retenções que comprometem todo o movimento, com aumento, inclusive, dos custos com combustíveis. Tais obras, no entanto, são apenas paliativos para questões maiores. A mobilidade urbana tornou-se um desafio para os administradores e, certamente, vai carecer de propostas, sobretudo neste momento, em que a gestão pública de Juiz de Fora será renovada.
Os 11 candidatos serão convidados a apresentar propostas para uma cidade com grandes desafios, como, aliás, é próprio das metrópoles. Com quase 600 mil habitantes, Juiz de Fora tem demandas críticas no transporte que passam por várias frentes. Num ciclo em que a base de cálculo de tarifas se prende à ocupação, e com esta em curva descendente, um dos pontos é manter o sistema ativo, com tarifas justas, sem matar as empresas. Em vários países, o sistema é financiado em parte pelo Estado.
Outra discussão é a própria situação das vias urbanas. O Centro da cidade continua sendo o destino comum de milhares de pessoas diante da concentração de serviços. As políticas de dispersão, levando tais processos para outras concentrações urbanas, são um dado relevante, mas encontra resistência diante da impossibilidade de migração de todos os serviços. Daí, outra frente prega a verticalização.
A solução de continuidade tem sido um dado perverso nas relações de poder. Nem sempre o dirigente que assume completa o que o antecessor começou. Nos anos 1980, foi iniciado o processo de troncalização dos ônibus, que viriam da periferia e fariam o transbordo em estações estratégicas. O projeto começou errado quando se construiu apenas uma estação, no Bairro Santa Lúcia, hoje transformado na sede do 27º Batalhão de Polícia Militar. O erro foi não construir outras áreas de transbordo e ficou pior ainda quando todo projeto foi abortado. O resultado é visto no Centro, com excesso de ônibus, sem que isso signifique, necessariamente, qualidade no serviço.
Mudar esse discurso é uma necessidade, e elaborar e executar projetos, uma demanda irreversível.