O último terço de agosto e o mês de setembro serão decisivos para os candidatos por ser a fase mais aguda da disputa eleitoral. Tanto na corrida pelos postos de governador e presidente da República quanto para o Legislativo – deputados estaduais, deputados federais e senadores -, os processos de convencimento do eleitor passam por diversas frentes: viagens a redutos eleitorais, ações em bairros, entrevistas em veículos de comunicação e, ainda, o uso do horário eleitoral gratuito, que começa no dia 26 de agosto.
As primeiras ações mostram uma preferência dos presidenciáveis por São Paulo, Minas e Rio de Janeiro, o que não surpreende, por serem os três maiores colégios eleitorais do país, mas Minas tem uma peculiaridade que atrai a todos eles independentemente do viés ideológico. Quem aqui vence ganha a eleição. Por isso, os políticos fazem do estado um território de visitas permanentes.
A campanha de 2022 se mostra diferente de todos os demais pleitos, após o período da redemocratização, não apenas pela polarização, mas em função dos discursos que estão chegando aos palanques. Se em 2018 havia um sentimento contra o PT e um discurso de oposição e de novas ações na política, este ano, embora o antipetismo ainda seja uma realidade, os vencedores do último pleito também passam por desgastes.
Criou-se um cenário adequado para a terceira via, mas a indefinição dos demais candidatos e as dificuldades internas de alguns postulantes, como o ex-governador de São Paulo João Doria, que acabou comprometendo não só o seu projeto, mas do próprio partido, não deram resultado.
O discurso recorrente envolvia o desgaste das duas candidaturas que ora lideram as pesquisas: Lula e Bolsonaro têm a maior rejeição, mas seus adversários não conseguiram capitalizar o eleitor descontente. Como resultado, continuam na casa de um dígito, enquanto a distância para o presidente e o ex se acentua.
O eleitor, restando pouco tempo para o pleito, caminha para o voto útil, o que contraria todas as expectativas dos defensores do caminho do meio. Tal cenário, no entanto, não surpreende. O eleitor é pragmático, e, ante a desidratação das candidaturas, retorna ao antigo leito. Mesmo insatisfeito com o seu candidato, acha melhor elegê-lo do que o seu principal antagonista.