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Meio-termo

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O discurso da presidente Dilma Rousseff, ontem, na ONU, foi um meio-termo entre o que se esperava, como a denúncia de golpe, e o silêncio total sobre o tema, que seria explorado apenas em entrevista coletiva. Ao dizer que as instituições rejeitam o retrocesso, explicitou apenas o que já está previsto. Fez bem, pois, a despeito de toda a sua indignação, sentindo-se injustiçada com o pedido de seu impeachment, falar num ambiente em que o tema era a política global de meio ambiente, e da qual o Brasil é um dos players, era levar para um foro inadequado uma questão interna a ser resolvida dentro das instâncias próprias, como o Congresso Nacional sob a supervisão do Supremo Tribunal Federal.

Os próximos dias serão emblemáticos, a começar pela instalação da Comissão Especial, na próxima segunda-feira, cuja maioria, por força de representação dentro do Senado, deve ser de oposição. O jogo, porém, será definitivamente jogado no plenário, no qual os 81 senadores irão definir se a presidente sai ou fica definitivamente no cargo. Não há previsão desse desfecho, mas é fundamental que seja breve para o bem do próprio país, que não pode tocar a vida num cenário de incertezas. Com Dilma ou sem Dilma, é fundamental uma definição, a fim de se abrir espaço para outras demandas, a começar pela economia, hoje extremamente comprometida e sem perspectivas para os próximos meses.

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Também com urgência, é preciso concluir outras demandas, como as dos presidentes da Câmara e do Senado, também indiciados pela Polícia Federal. O deputado Eduardo Cunha, especialmente, tem pela frente um abaixo-assinado já com mais de um milhão de assinaturas. São pessoas indignadas com a sua participação num jogo em que ele deveria estar fora por razões já conhecidas e colocadas nos autos. Tal fato não invalida a decisão da Câmara, que defendeu o impeachment da presidente; Cunha, porém, não pode se manter à frente de uma instituição que deveria ser referência de decoro para todos.

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