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Salvem os rios

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Salvo exceções, o Dia Mundial da Água passou despercebido de boa parte da população, ora – e com razão – deveras preocupada com o avanço da pandemia do coronavírus. Nada, no entanto, impede que a matéria seja tema de discussão e artigos, como, aliás, o que a Tribuna acolheu, na edição de domingo, do professor Wilson Acácio, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica dos Afluentes dos Rios Preto e Paraibuna. Nele, alertou para o uso indevido da água e os riscos cada vez mais iminentes de escassez. Em várias partes do mundo, os rios sequer chegam ao seu destino, secando ao longo do caminho.

Um levantamento elaborado pelo Instituto Trata Brasil, publicado pelo G1, aponta que 21,7 milhões de brasileiros não têm acesso à coleta de esgoto nas cem maiores cidades do país e 5,5 milhões, à água potável. São dados preocupantes que reverberam na própria saúde da população, por não cumprirem recomendações básicas de higiene feitas pelos órgãos de saúde desde o início da pandemia.

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A questão das águas deve ser uma agenda permanente dos governos ante o cenário que vem pela frente. No seu artigo, Wilson Acácio apresenta informações que levam à inquietação. “Dados divulgados pela ONU mostram uma triste realidade: dos 7,6 bilhões de habitantes do planeta, um bilhão não conta com mais abastecimento mínimo diário; 1,6 bilhão vive em áreas que não têm condições mínimas de captação de água, enquanto dois bilhões residem em regiões onde há escassez de água.”

Mas não é preciso ir longe para ver situações adversas. A despeito de ser um dos tanques do mundo, o Brasil vive o contraste nas áreas degradas. Os rios são cotidianamente poluídos e são raras as iniciativas públicas para salvá-los. Em Juiz de Fora, há pelo menos uma década, o Rio Paraibuna passa por um processo de despoluição, mas a conclusão é um dado incerto e não sabido. Em tempos de crise, os recursos são poucos embora sejam para uma pauta prioritária.

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Ademais, limpar o Paraibuna por si só não basta, por ser fundamental resolver a situação dos afluentes. E aí a situação fica complicada, pois boa parte deles está sob ruas e avenidas, como é o caso do Córrego Independência, o mais emblemático, que passa por toda a extensão da Avenida Presidente Itamar Franco. São poucos os que o conheceram, tendo sido totalmente fechado ainda no fim dos anos 1970. Ele não é o único.

Enquanto os órgãos ambientais não mudaram suas orientações, alertando que encarcerar os rios é um contrassenso e um problema grave para o saneamento, era comum seguir conceitos de outras metrópoles brasileiras, nas quais, salvo o principal rio, os demais estão fora do cenário.
O Dia Mundial da Água deve também ser pauta permanente para se discutir o desperdício e a situação dos mananciais. O uso indevido da água é uma realidade e só é lembrado quando ela está em falta.

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