O Brasil é um país de paradoxos. Enquanto uma parte entrou na segunda-feira discutindo a validade da expulsão do jogador Rodney, do Internacional, na partida de domingo contra o Flamengo, considerando um exagero do árbitro, outra se enveredou pelo derretimento das ações da Petrobras, após o presidente Jair Bolsonaro anunciar a demissão de seu presidente, além de reforçar críticas aos dirigentes da estatal, que estariam mais voltados para o mercado do que para o povo.
No caso do jogador, a controvérsia é mais clara, pois tudo aponta, no máximo, para um cartão amarelo, mas os defensores do árbitro passaram o dia lembrando que, há uma semana, o time gaúcho teria sido beneficiado pelo não funcionamento do VAR, o mesmo que se meteu num lance que caberia única e exclusivamente à interpretação do juiz.
O mais grave, porém, diante das consequências é a situação da estatal. Suas ações despencaram, e ainda haverá desdobramentos dos dois lados. O presidente Jair Bolsonaro já avisou que tem mais, e os conselheiros da companhia ameaçam recorrer à Justiça para receber indenizações, a despeito – como disse o presidente – dos altíssimos salários que recebem.
Quando há ações no mercado, o risco de qualquer solavanco deve ser profundamente avaliado, pois a repercussão não se esgota no discurso. As consequências são econômicas, comprometendo investimentos que foram feitos ao curso dos anos, especialmente após o início de recuperação da estatal. Agora, a nova gestão, liderada pelo general Joaquim da Silva e Luna, terá que remar de novo contra a maré para recuperar a confiança dos acionistas.
Durante sua gestão, a então presidente Dilma Rousseff, também inconformada com os preços dos combustíveis, resolveu meter o dedo na estatal. Deu no que deu, e, o que foi pior, não resolveu o problema. Os preços continuaram subindo, e o consumidor ficou com a conta, porque aumentos de tal ordem refletem diretamente na produção.
O presidente Bolsonaro também quer entender a razão de o país ter uma das gasolinas mais caras a despeito de ser um produtor, enquanto outros, que não geram uma só gota de petróleo, têm preços mais em conta. Essa é a pergunta de um milhão que precisa ser respondida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ora em silêncio, engolindo mais um sapo sem se manifestar.
A semana promete, pois, além de possíveis novas ações do presidente, os conselheiros podem até pedir as contas, criando mais uma crise na Petrobras. Enquanto isso, sem Rodney, o Inter recebe o Corinthians no Beira Rio, enquanto Flamengo enfrenta o São Paulo no Morumbi. O Campeonato Brasileiro chega ao fim na quinta-feira. A crise na Petrobras, não.