Tão logo termine o carnaval, a cidade – com a participação das partes interessadas – deve iniciar a discussão em torno da festa de 2021. Não se trata de um gesto precipitado. É preciso aproveitar o momento em que ainda ecoa o som do tamborim para verificar o que deu certo e o que ficou a desejar. As escolas de samba, que durante anos foram a principal atração da passarela, passaram mais um ano em branco, deixando seus foliões sem o tradicional evento. O que será feito delas? Essa é uma das questões.
Com tamanha antecedência, será possível ver se devem, ou não, voltar às ruas, pois, entra e sai ano, a novela se repete, alimentando sonhos dos que gostam de desfilar, para depois frustrá-los com mais um não. O impasse é o financiamento, mas é fundamental buscar saídas, já que há consenso de não ser mais competência do Poder Público bancar tais instituições.
O município tem demandas em demasia e recursos de menos, com prioridades pela frente, sobretudo num cenário de crise e sem a definição do pacto federativo para mudar as regras dos repasses. A solução para as escolas pode ser encontrada dentro das próprias entidades, cujas quadras passam o ano inteiro fechadas, salvo as exceções, em vez de serem um espaço para captação de recursos com a promoção de eventos.
Com um carnaval que já chegou a ser colocado entre os melhores do país, Juiz de Fora, hoje, tem forte apelo nos blocos, como também ocorre em Belo Horizonte. A capital tornou-se uma referência nas festas de rua após uma grande virada em sua vocação. Seria esse também o caminho para Juiz de Fora?
Sem as escolas de samba e com a saída dos blocos na semana que antecede o carnaval, a festa de Momo da cidade tornou-se apenas uma lembrança. Esse é o dado a ser considerado, pois, a despeito do sucesso dos desfiles antecipados, há sempre espaço para novos eventos com capacidade de atrair turistas. O carnaval, há muito tempo, deixou de ser apenas uma diversão. Trata-se de um negócio rentável, bastando ter estratégias e criatividade para conjugar festa e lucro.