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Lições do professor

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O antropólogo Luiz Fernando Soares, entrevistado pela Tribuna na edição de domingo, conhece o ofício. Foi secretário de Segurança do Rio de Janeiro e secretário nacional de Segurança do primeiro mandato do ex-presidente Lula. Pelos estudos e pela experiência acumulada, foi coautor do livro Elite da Tropa, que deu origem ao clássico do cinema brasileiro Tropa de Elite. Já no início da gestão petista, começou a elaborar um Plano Nacional de Segurança que se voltava, principalmente, para a prevenção. Não conseguiu ir adiante e voltou para a cátedra.

Suas observações são pertinentes. O crime não é próprio da natureza humana, sendo resultado de inações e ações equivocadas das estruturas de poder, que não deram atenção a fatos em sua origem e que hoje entram numa rota quase irreversível. A indiferença social e a desigualdade são dados importantes nesse processo. Coincidentemente, um relatório divulgado no fim de semana indica que 80% da riqueza está nas mãos de 1% da população; algo impensável, mas real.

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Luiz Eduardo adverte também para o poder de recrutamento do crime, que age, principalmente, em torno de pessoas consideradas apartadas da sociedade, muitas vezes pela sua invisibilidade. Sem oportunidades, são atraídas pelo lucro fácil e pela nova identidade de poder que lhes é dada. E mais: o volume de armas em circulação mudou o perfil do crime. As ações contra o patrimônio migraram para os crimes contra a vida. E os números provam. As metrópoles, e Juiz de Fora não é exceção, tiveram um aumento expressivo de homicídios.

Enfrentar essa realidade é uma ação de polícia, mas não só de polícia, pois prender já não basta. As cadeias estão superlotadas, e nem por isso os números baixam. O Estado tem que buscar a origem desse cenário de medo e adotar medidas preventivas. Caso contrário, haverá uma luta constante que não terá vencedores. Apenas vítimas.

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