A biografia do empresário Juracy Neves é emblemática a partir do título: “O homem da planície”, destacando os desafios ao curso de sua vida, sempre olhando além de seu tempo. Nesta quarta-feira, 22, faz um ano de sua morte. Mas, como ele mesmo diria, foi apenas a saída física de cena, pois o homem é imortal a partir de seu legado e de suas ideias.
Quando criou a Tribuna, em 1981, o mote central era a defesa da livre iniciativa e dos interesses da Zona da Mata. Por suas ideias, não basta a metrópole crescer se seu entorno é pobre. Mais atual do que nunca, pois os discursos ora encetados nos diversos fóruns econômicos apontam para esse vértice. Juiz de Fora não pode se desenvolver apartada do seu entorno. Há cerca de 20 dias, quando foi assinado o protocolo de intenções com a Braspell, empresa que atua com energia renovável, tanto os diretores da empresa quanto a prefeita Margarida Salomão destacaram ser uma vitória da região.
Juracy sempre teve uma preocupação especial com a educação. Professor de carreira, em todos os momentos enfatizou a importância do conhecimento. De novo, se antecipava aos fatos, embora nem todos os gestores façam essa leitura, preferindo manter o povo na ignorância para implementação de seus projetos de poder.
Aos 40 anos, comemorados em setembro, a Tribuna é fruto de um sonho e levado adiante pelos sucessores, por entenderem que a região carecia de um porta-voz capaz de apontar as necessidades de uma cidade com cerca de 600 mil habitantes. Ademais, sempre pregou a união dos atores políticos, empresariais e comunitários, para garantir o acatamento das demandas da Zona da Mata nas instâncias de poder.
É recorrente o discurso em torno de tais atores, que preferem agir em projetos solos, quando a força vem da unidade. Demandas não faltam. A cidade tem desafios importantes, como o sistema de transporte, destacado ontem pela prefeita em entrevista à Rádio Transamérica. Há outras, muitas delas paralisadas ao curso dos anos sem que fossem resolvidas. É o caso do Expominas, um equipamento concebido para ser um espaço permanente de discussão, hoje ao relento, o que faz dele um ativo a ser vendido pelo Estado.
O homem da planície não se deixa intimidar pelas montanhas. Ao contrário, de seu topo é possível ver além.