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Pela eficiência

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Na primeira etapa da pandemia, a queda de braço entre governadores e o Governo federal acabou provocando um desencontro de ações que se refletiram no expressivo número de mortes no país. O Brasil, com cerca de 155 mil mortos, presenciou decisões descoordenadas afetarem, especialmente, os municípios. Nesse período, três ministros da Saúde passaram pela Esplanada dos Ministérios, dois deles afastados por não comungarem com as decisões do Planalto.

Superado esse impasse, e quando se esperava que não haveria outros ruídos, a vacinação entrou no centro da polêmica. Primeiro pela decisão do presidente Jair Bolsonaro de desconsiderar a sua obrigatoriedade, como defendem alguns estados. Até aí, tratava-se de uma diferença conceitual, entre os que entendem ser necessário exigir a imunização e os que consideram ser uma decisão de foro íntimo, algumas até por motivações religiosas. O impasse se estabeleceu na terça-feira, quando o Ministério da Saúde anunciou a compra de 46 milhões de vacinas da China, em comum acordo com os governadores, e o presidente, após provocação de um seguidor, garantiu que essa operação não vai ocorrer.

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Essa decisão estava escudada na origem do produto. O seguidor questionou o fato de a vacina ser chinesa, e o presidente endossou ao garantir que não iria autorizar tal compra, afinal, como disse em alto e bom tom: “O presidente sou eu”.

Tal medida, se for concretizada, é preocupante quando se coloca o viés ideológico em meio a um debate que deveria ser eminentemente técnico. Se a vacina, independentemente de sua origem, for eficaz, ela deve ser encaminhada à população, ávida por um medicamento que acabe com a agonia da espera pela cura. A Anvisa, num primeiro momento, disse que vai adotar o critério científico, mas já não há certeza do próximo passo.

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Nessa queda de braço entre governos estaduais e o Governo federal, o único perdedor é o povo, como ocorreu no primeiro enfrentamento. A própria base do Governo deve estar atenta ao fato de a vacina não ter alvo específico. Ela visa à imunização coletiva, o que envolve seguidores e adversários da atual gestão. Colocar a política numa discussão dessa é o pior dos mundos.

Como a discussão ainda está em torno de um produto indisponível, espera-se que os bombeiros entrem em campo e apontem para a importância da imunização, que significa, mesmo com algumas restrições, uma volta à normalidade. A vacina, seja ela de onde for, tem que ser pautada, única e exclusivamente, pela sua eficiência.

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