Assim como no inverno, quando Juiz de Fora registrou um dos períodos mais longos de baixas temperaturas, a primavera, que começa nesta quinta-feira, também dá indicações claras de mudanças, com a antecipação do ciclo das chuvas. No ano passado, o mês de setembro foi sem qualquer precipitação. Este ano, não. Além disso, os serviços de meteorologia advertem que o volume de chuvas pode ser bem mais intenso, embora no início deste ano o Sudeste do país já tenha sido gravemente afetado. A tragédia de Petrópolis, com centenas de mortos e milhares de desabrigados, foi o cenário mais grave.
As mudanças climáticas, resultado de ações (ou inações) do próprio ser humano, deveriam servir de bússola para os agentes públicos na execução de projetos. Moradores da cidade serrana são assertivos ao apontar que pouco foi feito, a despeito da liberação de recursos.
Em Juiz de Fora, a Prefeitura tem executado uma série de ações nas consideradas áreas críticas, nas quais as inundações são frequentes, mas ainda não conseguiu finalizar o projeto vital para livrar o Bairro Industrial, especialmente, dos alagamentos. É fato que várias intervenções foram feitas, a fim de minimizar os riscos, mas só no mês que vem é que, de acordo com a Municipalidade, será possível apresentar o projeto definitivo, após vários meses de planejamento. No entanto, sua execução, sobretudo pela complexidade, é de longo prazo.
A população também tem papel importante nas políticas de prevenção, com a execução desde simples gestos, como não descartar lixo em bocas de lobo, a ações mais complexas, como ocupar áreas de risco. O município faz frequentes mapeamentos, mas, por necessidade ou desconhecimento, muitos moradores fazem a ocupação.
Com o início do período das chuvas, que normalmente se estende até março, é mister, também, ampliar as políticas de conscientização, a fim de chamar a atenção da comunidade para os riscos do período. Juiz de Fora tem uma topografia irregular, com várias encostas. Muitas já protegidas por projetos de contenção, mas ainda há áreas de risco.
Com o avanço do processo de despoluição do Rio Paraibuna, vários afluentes já passam por intervenções, o que é de vital importância, já que muitos deles há tempos não passam por processos de desassoreamento. Outros, como o Independência, ainda têm o problema de estarem totalmente sob o asfalto, o que implica desconhecimento sobre sua estrutura.
Os desafios são muitos e, mesmo que gradativamente, precisam ser enfrentados, pois as cidades, nas quais tudo acontece, passam por um processo permanente de mudanças.