Antes mesmo de a cobrança ser feita, uma vez que a publicação no Diário Oficial ocorreu nessa sexta-feira, vários setores pelo país afora já repassaram para o consumidor o aumento dos impostos decretado pelo Governo. No setor de combustíveis, trata-se de uma máxima de mão única: quando o imposto baixa, o repasse demora ou não ocorre.
A questão a ser discutida é a razão de novo aumento. Todos os governos, sem exceção, adotam essa prática para acertar suas contas, mas não fazem o dever de casa. O equilíbrio das contas, de fato, é necessário, mas o aumento tem sido o remédio único, indicando falta de criatividade da equipe econômica. Não se explica, por outro lado, a renúncia fiscal, que tem sido uma saída para implementar ações de determinados setores sem aferir as consequências. Basta lembrar a redução das tarifas de energia elétrica, antes das eleições de 2014, para melhorar a situação da então presidente Dilma Rousseff, que caiu no bolso do próprio consumidor anos depois.
Cobrar impostos é uma ação de Governo em todas as suas instâncias e pelo mundo afora. A discussão, porém, é como esse tributo volta como benefício para a comunidade. Em alguns países, as taxas costumam ser maiores do que no Brasil, mas os benefícios são imensuráveis, sobretudo nas áreas de saúde, educação e segurança. Aqui, não. O cidadão é extremamente tributado, mas a saúde continua sendo um problema, a educação não é prioridade, e a segurança, um arremedo.
Na quinta-feira, para tratar da segurança pública no Rio – de interesse direto do juiz-forano -, o presidente Michel Temer reuniu o governador Luiz Fernando Pezão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e vários ministros de estado. O resultado foi pífio. Brasília aumentou o efetivo, mas desconhecia que tal decisão já estava em curso, e prometeu um pacote na área de segurança federal. No mais, só discurso. Por isso, o cidadão se indigna, pois, entre cobrança e pagamento, a conta fica apenas com o contribuinte.